A formação de uma frente suprapartidária em defesa das universidades e institutos federais foi o objetivo da audiência especial realizada na manhã do dia 13 de maio, na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (Alba), que reuniu deputados federais e representantes de entidades ligadas à educação e culminou, dois dias depois, com uma jornada nacional de manifestações pela educação que, em Salvador teve a adesão até dos colégios particulares. “Nossos representantes mostram, com esse ato, que não estão dispostos a renunciar ao futuro, que é o que representam as universidades públicas federais”, disse o reitor João Carlos Salles.

Parlamentares entregam documento com 54 assinaturas ao reitor
Horas antes do ato, parlamentares da bancada baiana no Congresso Nacional estiveram na Reitoria, onde manifestaram seu apoio à UFBA e o repúdio ao bloqueio orçamentário anunciado pelo MEC. A comitiva formada pelo senador Otto Alencar e pelos deputados federais Afonso Florence, Alice Portugal, Daniel Almeida, Jorge Solla, Lídice da Mata, Nelson Pellegrino e Valmir Assunção entregou ao reitor uma carta em defesa da Universidade com 54 assinaturas.
A mobilização em defesa da universidade começou no dia 06 de maio, quando a comunidade acadêmica se reuniu e levou milhares de pessoas às ruas em uma caminhada da Faculdade de Educação até a Reitoria, que recebeu um abraço simbólico. Políticos, artistas, representantes dos movimentos sociais e membros da sociedade civil compareceram à manifestação para denunciar os cortes no orçamento das universidades federais. No dia seguinte, um grupo de vereadores de Salvador visitou a UFBA e se reuniu com o reitor para expressar a sua solidariedade. Estiveram presentes o presidente da Câmara, Geraldo Júnior, Aladilce Souza, Edvaldo Britto e Marcos Mendes.

Estudantes, servidores e professores deram um abraço simbólico na Reitoria na semana passada,
Ato na Assembléia
A deputada estadual Olívia Santana, que convocou a sessão na Alba, afirma que “o ato foi pensado, prioritariamente, em defesa da UFBA que esteve relacionada, junto às universidades federais de Brasília (UNB) e a Fluminense (UFF), com os primeiros cortes anunciados pelo Ministério da Educação e que depois foram estendidos às demais instituições federais de ensino superior (Ifes) do país”.
A deputada destacou que a audiência na Alba significa abertura de espaço para o debate democrático, pois o que está acontecendo agora “não tem precedentes”, disse ela, referindo-se aos bloqueios anunciados pelo MEC. Olívia lembrou que “no passado, já aconteceram contingenciamentos, mas agora os cortes vêm acompanhados de uma narrativa que justifica o desmonte das universidades e ataques às ciências, principalmente às humanas como filosofia e sociologia”, pontuou ela.
O reitor João Carlos Salles, que é filósofo, classificou o momento como “muito grave”, mas também como uma oportunidade de “união em defesa das instituições ameaçadas”.

Em seu discurso, o reitor João Carlos Salles ressaltou a gravidade do momento e a importância da manutenção da autonomia universitária.
Salles que também é vice-presidente da Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil (Andifes), alertou que “é fundamental ter consciência que essa é uma guerra contra o modelo de universidade que combate discriminação e a exclusão e requer o nosso comprometimento por um futuro com a barbárie e o obscurantismo ou com a civilização e o desenvolvimento”.
O deputado federal Daniel Almeida afirmou uma nota de solidariedade assinada por 38 deputados e três senadores, para enfrentar o que chamou de “campanha de desqualificação” das universidades públicas. “Para alcançar o desenvolvimento, é preciso garantir a universidade como um lugar de diversidade e trocas”.
Os reitores das universidades federais do Recôncavo Baiano (UFRB), Sílvio Luiz Oliveira, e do Sul da Bahia (UFSB), Joana Angélica Guimarães, também defenderam a luta pelas universidades como patrimônio público, importante para as comunidades situadas ao seu entorno, já que toda uma rede de comércio e serviços gira em torno do fluxo de estudantes, professores e funcionários de campi universitários em várias cidades do interior da Bahia. Além disso, os cortes trazem o temor do desemprego dos terceirizados das universidades, por isso, “defendê-las é contribuir, também, para o desenvolvimento do estado da Bahia”, alertou Oliveira.
As deputadas federais Lídice da Mata e Alice Portugal asseguraram que lutar pela manutenção das verbas é “uma luta fraterna, justa e solidária”, pois a universidade é um lugar de inclusão. Portugal defendeu que “neste momento, que a universidade passou por uma metamorfose depois do ingresso de pessoas que estavam à margem, graças às políticas afirmativas, não podemos recuar”.

Membros da comunidade UFBA estiveram presentes à sessão especial.