
Atividade consistiu na troca de experiências e treinamento intensivo em conhecimentos e habilidades de estudantes da UFBA, UESB e MIT, reunidos no espaço aberto de criação e inovação – Ihac-Lab-i.
O sol forte dos dias de verão do mês de janeiro, na cidade de Salvador, não foi capaz de distrair a atenção de estudantes da Universidade Federal da Bahia (UFBA), da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), reunidos no Workshop de Soluções em Tecnologia Social (Social IT Solution – SITS BRAZIL), que aconteceu entre os últimos dias 20 a 31.
A atividade consistiu na troca de experiências e treinamento intensivo em conhecimentos e habilidades nas áreas de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) para desenvolvimento sustentável, human-centered design (design centrado no ser humano) e mídias digitais e aconteceu nos campi das duas universidades, sendo que a semana final concentrou-se no espaço aberto de criação e inovação – Ihac-Lab-i, do Pavilhão de Aulas da Federação 5, no campus de Ondina da UFBA.
De acordo com o professor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC), Paulo Gomes, que foi um dos coordenadores do evento, o workshop foi um “programa educacional com o objetivo de transformar os estudantes, mudar suas cabeças, em apenas em 15 dias de trabalho”. Os estudantes de diversas áreas – tecnologia, artes, design, economia, humanidades, computação, engenharia mecânica e Agronomia – e com habilidades específicas, foram orientados por uma equipe composta por estudantes de pós-graduação do Laboratório de Tecnologias de Mídia e Culturas Globais (GMTaC) do MIT que são pesquisadores do Brasil, China, Peru e Estados Unidos, além de professores da UFBA e da UESB.
Os trabalhos do SITS BRAZIL focaram-se em questões sociais por meio de uma mentalidade criativa, tecnológica e humanística pois, segundo Gomes, “durante muito tempo, a universidade esteve distante da sociedade, já que nas disciplinas dos cursos tradicionais, pouco se fala dos problemas sociais e esse workshop visa desenvolver soluções usando tecnologia da informação para resolver problemas reais”.
Para a professora Lisa Parks, diretora do GMTaC, do MIT, “o workshop apoia a criatividade e a inovação

Professores coordenadores e equipe vencedora do Workshop de Soluções em Tecnologia Social – SITS BRAZIL 2020.
e estreita laços com as universidades brasileiras por meio da segunda edição desse projeto que é liderado pelo MIT”. Parks explicou que “a primeira versão desse workshop foi realizada na Tanzânia, em 201 com estudantes de graduação do Instituto de Tecnologia de Dar Es Salaam e da Universidade Estadual de Zanzibar, da Tanzânia, na África.
A docente norte-americana informou que “a ideia da atividade surgiu de acordo diante da necessidade de desenvolver conhecimentos e habilidades dos alunos que melhor se adequem às suas realidades”. Parks disse que “ao longo de sua pesquisa, educadores em muitos países, fazem com que os alunos frequentemente aprendam códigos de programação em um currículo que ignora as condições socioeconômicas e os desafios de desenvolvimento locais”.
De acordo com o pesquisador do programa de estudos comparativos de mídias no laboratório de GMTAC do MIT, Iago Bojczuk, o “evento serviu também para catalisar colaborações entre ambientes que, embora geograficamente próximos, nem sempre colaboram”, explicou, enfatizando que um dos objetivos também foi “conectar as duas universidades públicas, reunindo duas cidades – Salvador e Vitória da Conquista – e realidades socioeconômicas diferentes.
Bojczuk contou que “na primeira semana, em Vitória da Conquista, na UESB, foram pensados os princípios básicos dos projetos sobre como pensar a tecnologia além do código de programação e incluir mais questões sociais, enfatizando a interdisciplinaridade com pensamentos de sociologia, filosofia, artes, fundamentos de ética, antropologia. Na segunda semana, os participantes concentraram-se na execução dos projetos em grupos interdisciplinares com valorização da igualdade de gênero e institucional, visando a formação de uma rede para desenvolverem projetos e empreenderem juntos”, disse o mestrando que é bolsista no programa pela Lemon Fellow Fundation.
Entre os coordenadores do workshop estiveram os professores Francisco Barreto e Paulo Gomes do IHAC-Lab-I da UFBA; Maísa Soares e Cátia Khouri do Centro de Inovação e Pesquisa em Computação (CIPEC) da UESB e Lisa Parks, diretora do GMTaC, do MIT. O projeto Social IT Solution – SITS BRAZIL foi viabilizado por meio de financiamento concedido pelo MIT-Brazil Lemann Seed Fund para Projetos Colaborativos, pelo Conselho Dinamarquês de Pesquisa e pelo MIT New Media Action Lab e apoiado pelo Laboratório de Tecnologias de Mídia e Culturas Globais (http://globalmedia.mit.edu/), o programa Estudos Comparativos de Mídia do MIT e o Programa de Fellows da MacArthur Foundation.
Grupos e projetos Social Tech

Equipe Xepa: Tarciana Oliveira(UESB), Ricardo Martinez(UFBA), Estéfane Côrtes(UFBA) e Laverty (UESB).
Uma smart box (caixa inteligente), equipada com sensores e disponibilizada em feiras livres para que para feirantes depositem alimentos não comercializados ao longo dia e, imediatamente, seja emitido um anúncio para membros de entidades que atuam no combate à fome, recolham os produtos e direcionem a pessoas carentes. O projeto de tecnologia social, idealizado pela equipe Social Tech que venceu a competição entre os grupos de estudantes, durante as atividades práticas do workshop. A equipe vencedora recebeu um prêmio da empresa Movile / Fundação 1Bi – uma viagem a São Paulo para visitar o escritório do iFood e o Centro de Inovação da Universidade de São Paulo (Inova USP).
Entre as outras soluções inovadoras estão: uma professora virtual capaz de promover a integração entre a escola, pais e estudantes, mediante uma plataforma online; um aplicativo acompanhante e auxiliar de idosos em suas necessidades; um dispositivo apto a gerenciar o uso de energia elétrica numa universidade; um sistema para prevenir o desperdício de água e otimização do uso, além da destinação inteligente do lixo eletrônico. Todos os participantes do workshop receberão um certificado de conclusão.
Os 24 estudantes (12 da UFBA e 12 da UESB) – de cursos como Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia, Sistemas de Informação, Ciência da Computação, Artes, Design Gráfico, Agronomia, Estudos de Cinema e Economia – dividiram-se em seis equipes e trabalharam juntos para desenvolver soluções de TIC, focadas em desafios sociais presentes nas duas comunidades.
“Os grupos foram multidisciplinares formados levando em conta a diversidade de perfis tanto das áreas a que pertencem quanto das duas universidades – UFBA e UESB”, informou o professor Paulo Gomes. Apesar de ter realizado uma seleção muito criteriosa para escolher estudantes qualificados para o workshop, entre dezenas de interessados inscritos, Gomes declarou-se “muito surpreso com a qualidade dos projetos e soluções que foram apresentados”.
Segundo ele, “todos os alunos foram entrevistados e após análise criteriosa selecionou alunos talentosos. Mesmo assim, a quantidade de resultados e ideias interessantes que foram apresentados e a qualidade dos trabalhos surpreendeu, diante do pouco tempo de trabalho”, disse.
Os critérios de julgamento utilizados para escolher a equipe vencedora, segundo o pesquisador Iago Bojczuk, foram: viabilidade da ideia: pesquisa de campo para apoiar a solução idealizada; o trabalho em equipe: composição por diferentes pessoas, unindo as habilidades individuais da melhor forma a aplica-las no conjunto; criatividade: quão inovador são as soluções dadas, levando em conta os recursos disponíveis e qualidade da apresentação: tendo um protótipo físico manuseável do projeto com um design interativo centrado no ser humano, um site com gráficos que sustentam a ideia e a divisão igualitária do tempo de apresentação para todos os componentes da equipe. O Julgamento foi realizado por sete jurados – os cinco professores coordenadores do evento mais dois representantes da empresa Movile / Fundação 1Bi.
O trabalho consistiu em selecionar um problema social e propor uma solução, levando em conta a tecnologia e era importante que o problema fosse real. Portanto, os grupos realizaram pesquisas de campo e conversaram com pessoas que sofriam com os problemas apresentados. “Essa abordagem direta da sociedade para identificar um problema faz uma grande diferença na hora desenvolver uma solução tecnológica.
Foram seis grupos que apresentaram soluções nas áreas de educação, uso consciente da água, lixo eletrônico, desperdício de alimento com total liberdade de escolher seus problemas. As equipes do Social IT Solution (SITS BRAZIL) – Primeiro Lugar: Social Tech – Projeto: Xepa (desperdício de alimentos); segundo lugar – Equipe Rocket – Trashcend (lixo eletrônico). Demais equipes: Equipe summer, com o projeto Dibaluz (economia de enrgia na universidade); equipe SISI – Sistema de Informação Simplificada para o Idoso; Equipex – Bloop (otimização do uso da água) e Quarteto de Três – Professora Débora (integração escola, pais e alunos).