
João Raphael foi selecionado e treinado pela ONG Greenpeace para ser multiplicador de projetos sobre energia solar no Brasil. (Foto: ©Caio Paganotti/Greenpeace)
A possibilidade de tornar escolas públicas totalmente abastecidas por energia solar levou o estudante de psicologia da Universidade Federal da Bahia, João Raphael Gomes, a apresentar o Projeto Sinergia Solar, no Palco Green Deal (energia limpa e sustentável) da mais recente edição da Campus Party Brasil – evento internacional focado em tecnologia, inovação e criatividade – realizada de 9 a 11 de julho.
Durante a apresentação do painel “Projeto Sinergia Solar: a experiência educativa que conectou crianças, jovens e empresas”, na noite de 09 de julho, João falou sobre sua atuação voluntária, mostrando o uso da energia solar para estudantes de escolas das redes públicas estadual e municipal, mediante a realização de oficinas educacionais didáticas.
A explanação sobre a atuação do Projeto Sinergia aconteceu em formato de live, promovendo a reflexão sobre mudanças climáticas, o cenário da energia solar no Brasil e as perspectivas para o futuro sobre o meio ambiente, e em interação com o público. Em sua palestra, o estudante ressaltou a necessidade de “levar a sério as alterações no clima ocorridas nos últimos tempos como consequências da degradação ambiental e seguir as orientações apresentadas pela ciência, buscando fontes energéticas alternativas sustentáveis e limpas”.
O projeto Sinergia Solar, que conta com apoio da organização não-governamental Greenpeace, “trabalha para que os cidadãos entendam que podem, por si só, captar sua própria energia, conforme as resoluções 482 e 687 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)”, explicou João Raphael. Ele também chamou atenção para a discussão em torno da matriz energética brasileira e a importância da democratização da energia, mediante o aproveitamento solar, por um número maior de cidadãos.
A iniciativa é apoiada pelas secretarias estadual e municipal de Educação e tem o objetivo de “despertar crianças, adolescentes e jovens para questões globais e ambientais, como a necessidade da transição do uso de energias poluidoras para energias provenientes de fontes não poluidoras e renováveis”. Segundo o estudante, o projeto também “fortalece o compromisso social dos estudantes de escolas da rede pública e a comunidade, já que a implantação de objetos solares nas escolas, muitas vezes, ocorre a partir de financiamento solidário, por iniciativa dos estudantes e suas famílias e sem o auxílio de recursos públicos”.
Ao longo de quase quatro anos de existência, a proposta já entrou em contato com mais de três mil pessoas dos estados para os quais estendeu sua atuação, além da Bahia – Minas Gerias, São Paulo e Piauí. O Sinergia Solar também foi retratado no artigo “Projeto sinergia solar: o poder transformador do sol”, publicado na primeira edição deste ano da Revista Brasileira de Educação Ambiental.
O projeto Sinergia Solar
A iniciativa, cuja meta é tornar escolas públicas totalmente abastecidas por energia solar, nasceu a partir da experiência de João Raphael como multiplicador solar, treinado pelo Greenpeace. Contando com a parceria do professor universitário e doutor em Ciências, Energia e Ambiente pela UFBA Gustavo Alonso Muñoz, o estudante fundou o projeto para atuar em Salvador, uma das cidades escolhidas para a campanha do uso de energia solar nas escolas.
Estima-se que tal uso escolar impactaria em uma economia significativa na conta de luz dos estabelecimentos educacionais – algo em torno de R$ 6 mil por mês, recursos que poderiam ser direcionados a outros benefícios para a mesma escola ou comunidade, afirma o estudante.
Durante as oficinas com os alunos, o multiplicador expõe objetos solares, como placas, painéis, brinquedos e até alimentos cozidos com o uso de fogões solares, chamando a atenção para o potencial existente na energia gerada pelo sol. João Raphael também realizou evento semelhante no IHAC-LABi, a fim de difundir para a comunidade UFBA os benefícios da captação e aproveitamento da energia solar, mediante o uso de objetos solares.
À frente da iniciativa desde agosto de 2016, o estudante, que concluiu o bacharelado interdisciplinar em Humanidades, foi selecionado e treinado pela ONG Greenpeace e participou da instalação de placas solares em escolas públicas nas cidades de São Paulo (SP) e Uberlândia (MG).
Selecionado pelo Greenpeace Brasil para dar visibilidade a energia solar no Brasil, João também foi convidado para a 23ª Conferência das Partes (Cop 23) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, em Bonn, na Alemanha, em novembro de 2017. Ele é ativista do clima desde 2010 e já atuou em organizações como 350.org, Global Shaper e Engajamundo.
A Campus Party, que acolheu a palestra sobre o Projeto Sinergia Solar, é um evento internacional baseado em inovação e criatividade e conta com oitenta e três edições em todo o mundo. Em 2020, pela primeira vez em sua história, chegou na versão digital – a Campus Party Digital Edition, totalmente online, gratuita e simultaneamente para mais de 30 países.
>> Sinergia no Instagram: @sinergiasolar
>> Sinergia no Facebook: https://www.facebook.com/projetosinergiasolar/