Articulação de pesquisadores de 12 universidades oferece produtos de fabricação rápida contra a Covid-19

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Cabines de desinfecção de máscaras N95 desenvolvidas pelo projeto já estão funcionamento em instituições de saúde de Sergipe

Cabines de desinfecção de máscaras N95 desenvolvidas pelo projeto já estão funcionamento em instituições de saúde do país

A iniciativa denominada “Números que eu Salvo”, articulada através do projeto Fasten Vita, reúne dezenas de pesquisadores de 12 universidades brasileiras, entre elas a UFBA, que atuam para oferecer produtos de fabricação rápida para ajudar no combate aos efeitos da pandemia de Covid-19. Protetores faciais (face shields), máscara de ventilação não invasiva – Spirandi, cabines de isolamento, cabines de desinfecção de máscaras N95 por radiação ultravioleta (UV) e o reanimador automatizado Vita Pneuma, são alguns dos produtos desenvolvidos. As peças para montagem dos produtos são construídas por impressoras 3D, máquinas de corte a laser ou de usinagem.

Inspirados em projetos de propriedade intelectual aberta, os produtos são adaptados/aperfeiçoados considerando a realidade brasileira, e ajustados para permitir fabricação rápida e descentralizada, com material de fácil acesso e que não requerem treinamento complexo de pessoal. Itens mais fáceis de entregar, como os protetores faciais, já estão sendo encaminhados para hospitais, clínicas e outras unidades de saúde. São produzidos em laboratórios das Universidades Federais de Goiás (UFG) e Sergipe (UFS), por exemplo, e também podem ser impressas por voluntários em suas próprias casas, em impressoras 3 D. Já estão prontas as cabines de desinfecção de máscaras N95, algumas delas atualmente em funcionamento em instituições de saúde de Sergipe. Nas Universidades Federais de Santa Catarina (UFSC), do Maranhão (UFMA), e também na UFG e UFS, está em desenvolvimento, em fase de testes laboratoriais, o reanimador automatizado, decorrente de uma iniciativa portuguesa, o projeto PNEUMA. Enquanto isso, as cabines de isolamento estão sendo finalizadas com os últimos aperfeiçoamentos. Já a máscara de ventilação desenvolvida passará por trâmites de propriedade intelectual, a fim de que se garanta a disponibilidade pública do conceito.

A UFBA, juntamente com outras universidades participantes da iniciativa, é responsável pelo desenvolvimento do software que gerencia as demandas regionais e as direciona para os polos de produção mais próximos. A ideia básica é orientar a produção para polo que está mais disponível para atender as demandas com maior rapidez e menor custo, evitando gastos como o frete para transporte de equipamentos e materiais. O professor Paulo Farias, do Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação da Escola Politécnica, juntamente com outros pesquisadores do Laboratório de Robótica e do Laboratório de Sistemas Digitais, integra o grupo da UFBA que atua no suporte técnico ao projeto, agregando elementos da indústria 4.0 e gestão da informação para atender a essas demandas.

A produção em escala é possível devido à plataforma de Internet das Coisas (IoT) desenvolvida no contexto do projeto Fasten, que habilita uma “linha de produção” ou “fábricas virtuais” para a fabricação dos produtos nos mais diversos pontos do país. As máquinas conectadas à rede Fasten Vita podem receber diretamente do servidor da rede tarefas para executar. Além de despachar as tarefas, o servidor também otimiza a distribuição geográfica entre os pontos de fabricação, permitindo atender mais rapidamente às demandas regionais. Desta forma, ganha-se tempo fabricando os produtos nos locais mais próximos de onde eles são necessários, e pela adesão dos voluntários, ganha-se também escala.

O Projeto Fasten Vita, que é coordenado pelo INESC P&D Brasil, foi criado com o foco em atender a indústria de porte, otimizando a logística através das ferramentas da indústria 4.0. Com o surgimento da pandemia, a sua rede de pesquisadores se articulou nesta iniciativa de combate ao novo coronavírus. O INESC P&D Brasil fez um aporte inicial de cerca de R$ 30 mil. A maioria dos produtos é baseada em projetos abertos. “Com o olhar de engenharia, a gente procurou aperfeiçoar esses projetos, inovou em algum sentido, em um detalhe ou outro”, afirma o professor Tarso Ferreira, da UFS.

Conforme destaca ele, alguns desses produtos precisam ser submetidos a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para poderem ser utilizados em pacientes. No entanto, antes disso é possível a sua utilização em pesquisas em hospitais universitários, por exemplo. No caso do reanimador automatizado, o projeto foi baseado na iniciativa portuguesa PNEUMA, que, por sua vez, utilizou como referência o projeto original do MIT, conforme explica o professor. A expectativa é de que, com a aprovação, esses produtos sejam disponibilizados em instituições de saúde públicas e privadas de todo o país.

Tarso ressalta a importância da articulação da rede de iniciativas, projetos parceiros e instituições de saúde. “Para potencializar nossa resposta, precisamos da adesão de interessados que nos ajudem a multiplicar as localidades em que os produtos podem ser fabricados”, avalia. Também são aceitas doações em material para fabricação, em dinheiro e até na forma de tempo para ajudar o voluntariado. As peças podem ser cedidas voluntariamente por pessoas físicas, empresas ou laboratórios. Para participar do projeto, acesse aqui: http://numerosqueeusalvo.org.br ou https://www.instagram.com/numerosqueeusalvo

Reanimador automatizado Vita Pneuma, baseado em iniciativa portuguesa, está em desenvolvimento, em fase de testes laboratoriais

Reanimador automatizado Vita Pneuma, baseado em iniciativa portuguesa, está em desenvolvimento, em fase de testes laboratoriais

O projeto tem o apoio da Rede INESC Brasil, gerida pelo Instituto de Ciência e Tecnologia INESC P&D Brasil, organização sem fins lucrativos. Os pesquisadores envolvidos no Fasten Vita são filiados às seguintes instituições: Universidade Federal de Sergipe, Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade Federal de Juiz de Fora, Universidade Federal da Bahia, Universidade Federal de Goiás, Universidade Federal do Pará, Universidade Federal do Maranhão, Universidade Federal do Vale do São Francisco, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Universidade Estadual de Maringá, Universidade do Estado de Santa Catarina, PUC Rio Grande do Sul.
Sobre os produtos

Reanimador automatizado Vita Pneuma
Reanimador automatizado Vita Pneuma é um equipamento que visa a estabilização e manutenção de pacientes à espera de ventiladores pulmonares convencionais, podendo ser usado também em transporte intra-hospitalar de pacientes. Inspirado em uma iniciativa portuguesa, o projeto PNEUMA desenvolvido pelo INESCTEC.
Protetores faciais (face shields)
Protetores faciais (face shields) são equipamentos de proteção usados por profissionais de saúde e que os protegem de fluidos que possam estar contaminados.
Máscara de ventilação não invasiva: Spirandi
A máscara de respiração não invasiva Spirandi é uma evolução de uma máscara convencional, voltada para pacientes conscientes e com capacidade de respiração espontânea, e que não necessitem de monitoramento constante. Usada em conjunto com a cabine de isolamento, diminui a difusão dos vírus expelidos pelo paciente na respiração, no ambiente hospitalar.
Cabine de isolamento
Construída com materiais de fácil obtenção, como tubos de PVC e uma película de vinil transparente, visa reduzir os riscos de contágio das equipes médicas que tratam pacientes com a Covid-19. Usada em conjunto com a máscara Spirandi, diminui a difusão dos vírus expelidos pelo paciente na respiração, no ambiente hospitalar. Foi inspirada na Cápsula Vanessa, desenvolvida pelo Instituto Transire e Samel Health Tech.
Cabine de desinfecção de máscaras N95 por radiação ultravioleta
As caixas de desinfecção de máscaras descartáveis de filtro N95 aumentam a proteção dos profissionais de saúde de contaminações no ambiente hospitalar. A tecnologia permite a reutilização das máscaras equipamento de proteção individual, que passam por descontaminação por radiação ultravioleta.
A iniciativa original é do Laboratório de Corrosão e Nanotecnologia, em parceria com o Setor de Gestão de Inovação e Tecnologia do HU e a Superintendência de Infraestrutura da Universidade Federal de Sergipe.

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