Foi um semestre desafiador, de novas experiências e metodologias de ensino, muito embora tenha sido necessário manter a motivação em alta para superar as limitações tecnológicas, a ansiedade e o cansaço. O apoio dos colegiados, departamentos, direções de unidades e da Administração Central foi eficaz e, se o quadro de pandemia se mantiver, o próximo semestre letivo deverá ser todo ou quase todo online novamente.
Essa é uma breve síntese do que foi o Semestre Letivo Suplementar (SLS 2020), na percepção média dos 1.618 docentes (58% do total, 2.790) que responderam ao questionário de avaliação do período letivo (veja o resultado completo). Também foram enviados questionários aos técnicos e aos estudantes, cujas respostas estão sendo tabuladas e serão divulgadas em breve.
A partir das respostas dos docentes, a Superintendência de Avaliação e Desenvolvimento Institucional (Supad) elaborou um indicador de qualidade do SLS 2020, levando em consideração as três dimensões abordadas pelo questionário: aspectos pedagógicos, recursos humanos e infraestrutura. Em uma escala de 1 a 5, a média de avaliação alcançada foi próxima a 4 (correspondente ao indicador “bom”) nas três dimensões: 3,92 para os aspectos pedagógicos, 3,81 para recursos humanos e 3,97 para infraestrutura.
A boa avaliação geral do SLS também se traduz na opinião dos professores sobre como deverá ser o próximo semestre letivo, caso se mantenha o quadro de pandemia: 46,7% afirmam que deverá ser “totalmente não presencial” e 49,9% dizem que deve ser “não presencial com algumas atividades presenciais”.
“O semestre foi um grande desafio. Apesar das restrições orçamentárias e da falta de experiência da maior parte da comunidade nesse tipo de atuação, a UFBA conseguiu responder muito bem a esse momento”, afirma o coordenador de Avaliação Institucional da Supad, Jorge Sales, salientando que a proposta da Universidade circunscreve-se ao enfrentamento, com a maior qualidade possível, do “momento atípico” de pandemia – não guardando, portanto, nenhuma relação com discursos ou projetos de expansão da educação superior pública federal por meio da ampliação indiscriminada da modalidade online.
Jorge Sales relaciona a boa avaliação dos docentes à preparação da comunidade para o SLS, por meio de questionários de aferição de capacidades tecnológicas, que subsidiaram o desenho de ações de capacitação adequadas, ainda que em caráter emergencial. “O questionário parece revelar um encontro entre expectativas e resultados”, resume.
Por outro lado, a pesquisa revela também alguns efeitos incontornáveis da pandemia, como ansiedade e exaustão em níveis altos. “Fica claro que a modalidade online é uma ferramenta para superarmos esse momento de pandemia, mas não deve ser algo para a vida toda”, pondera. Nesse sentido, Jorge Sales enfatiza o importante papel da rede de atenção psicossocial e do comitê de acompanhamento da Covid-19 na UFBA.
Engajamento e objetivo cumprido
Os docentes que responderam à pesquisa formam uma amostra representativa da diversidade do corpo docente da UFBA nos aspectos socioeconômico e étnico-racial, e também em termos de tempo de serviço, tipo de contrato e área do conhecimento em que atuam.
A maioria dos docentes (50,7%) ofereceu somente atividades de ensino, mas pesquisa e extensão não ficaram de fora, sendo que significativos 15,9% conseguiram conjugar ensino, pesquisa e extensão. A maioria ministrou até duas disciplinas (67,7%), em geral obrigatórias (70%), sendo que 61,2% trabalharam de modo compartilhado.
O ambiente virtual institucional (novo AVA Moodle, modernizado pelas superintendências de Educação a Distância e de Tecnologia da Informação especialmente para o SLS 2020) foi o mais utilizado (65,5%), com recurso a diversas plataformas de aulas, sendo a Google Meet a mais usada (66%). A maior parte dos professores afirma dispor de equipamentos adequados (62,9%), embora 33,7% digam que, com os equipamentos que têm, conseguiram realizar suas atividades “com dificuldade”, enquanto somente 0,7% declaram ter equipamentos “totalmente inadequados”.
Assim, para 41,8%, o SLS 2020 “cumpriu o objetivo com bons resultados para o ensino”, ainda que, para 29,9%, as condições tecnológicas tenham limitado ou prejudicado as atividades. A grande maioria destacou as “experiências novas” (79%) e o incentivo a “novas metodologias de ensino” (69,8%) como pontos altos do período letivo online, enquanto poucos disseram que “as estratégias pedagógicas possíveis não proporcionaram bons resultados de aprendizagem” (7,7%) e/ou que o SLS “não atendeu minimamente as expectativas de alunos e professores” (2,7%).
No aspecto pedagógico, a maior parte considerou adequados ou muito adequados os materiais didáticos, as atividades, as estratégias de avaliação e o grau de autonomia dos professores ao longo do semestre. Também foram majoritariamente elogiados os tutoriais e manuais disponíveis no portal UFBA em Movimento, o suporte oferecido pelas pró-reitorias e as ações de apoio ao docente por parte de colegiados, departamentos e direções de unidades.
No quesito recursos humanos, embora a maior parte afirme ter experimentado altos graus de ansiedade e cansaço (ambos os itens com maioria de notas 4 e 5), a maioria também afirma que atuou com alto nível de motivação e elogie as ações de capacitação, o conhecimento adquirido e a satisfação com a experiência do SLS (os quatro itens com maior parte de notas 4 e 5).