As dificuldades de estudar e trabalhar em regime remoto durante a pandemia são inegáveis. Mas, mais que elas, estudantes e técnicos da UFBA destacam a possibilidade de manter-se em atividade – ainda que em condições distantes do ideal e por meio de tecnologias e metodologias novas, um cenário desafiador –, sem deixar de buscar realizar suas tarefas com qualidade, em tempos de distanciamento social.
É esse o diagnóstico que apontam as respostas aos questionários de avaliação do Semestre Letivo Suplementar (SLS 2020) enviadas por estudantes e técnicos da UFBA. Participaram das enquetes 24,8% dos estudantes e 23% dos técnicos, bem distribuídos entre as unidades acadêmicas e, no caso dos técnicos, também entre os órgãos da administração central – amostras relevantes, ainda que numericamente aquém da dos professores (58%), segundo o coordenador de Avaliação Institucional da Supad, Jorge Sales. Os resultados das sondagens às três categorias acerca do SLS estão disponíveis no portal UFBA em Movimento.
“De maneira geral, as avaliações de estudantes e técnicos convergem com a dos professores. O que se nota é que a comunidade aceitou o desafio do SLS e avalia positivamente sua própria experiência, embora também relate altos níveis de cansaço e grande dificuldade para conciliar a rotina profissional e de estudos com as atividades domésticas. Isso nos sugere que o modo online é útil para enfrentar a pandemia, mas não deve ser o regime de atividades preferencial da Universidade em condições normais”, pondera Jorge Sales.
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Semelhante ao que responderam os professores, mais de 90% dos estudantes e dos técnicos afirmam que, a persistir em 2021 o quadro de pandemia e a imprevisibilidade quanto ao surgimento de uma vacina ao alcance de todos, o próximo semestre letivo deverá ser total ou quase totalmente online.
Estudantes
Entre os estudantes, chama atenção a avaliação majoritariamente positiva do ambiente virtual institucional, o novo AVA Moodle, modernizado pelas superintendências de Educação a Distância e de Tecnologia da Informação especialmente para o SLS 2020. Para 55,2%, o SLS 2020 “possibilitou experiências novas” e, para 46%, “incentivou novas metodologias de ensino. “Percebemos que as ações de capacitação online foram bem recebidas pela comunidade. Por isso mesmo, elas devem ser mantidas e aprimoradas”, acrescenta Sales.
Para 28,5% dos discentes, o SLS “contribuiu positivamente para sua formação”, ainda que 28,2% apontem que as “condições tecnológicas limitaram ou prejudicaram as atividades” e 19,9% digam que “as estratégias pedagógicas possíveis não proporcionaram bons resultados de aprendizagem”. Somente para 13,2% o SLS “não atendeu minimamente as expectativas de alunos e professores”.
Embora a pesquisa aponte um percentual pequeno de evasão das disciplinas ao longo do SLS, os dados são inconclusivos nesse aspecto – uma aferição mais precisa só será possível após o lançamento de notas pelos professores, ao final do semestre. Mas o coordenador de Avaliação destaca a proximidade entre as razões apontadas pelos estudantes que abandonaram e aqueles que nem chegaram a se matricular: dificuldade de acompanhar aulas (18,9%), impossibilidade de conciliar aulas e rotina diária (26,3%), inexistência de local adequado em casa para acompanhar atividades (10,2%) e falta de acesso à internet (9,3%) foram as razões mais apontadas.
Nesse sentido, a UFBA pretende ampliar a oferta de postos de estudo presenciais na Universidade, dentro dos protocolos de biossegurança recomendados pela autoridades sanitárias, no âmbito do projeto “Tendas Virtuais”; e também a oferta de chips de acesso à internet, demandados por pouco mais de 1.000 estudantes, número aquém da quantidade disponível.
Técnicos
A maior parte dos servidores técnico-administrativos destacou aspectos positivos do SLS, como a possibilidade de “novas experiências” (35,2%) e “novas metodologias de trabalho” (33,2%). Para 19,4%, o SLS “cumpriu o objetivo com bons resultados para a instituição como um todo”, ante 10% que apontaram que “as condições tecnológicas limitaram as possibilidades e prejudicaram atividades” e 2,2% que disseram que o SLS “não atendeu minimamente às expectativas dos técnicos”.
Outro dado importante diz respeito à carga de trabalho: para mais da metade, o volume de tarefas permaneceu igual (37,1%) ou reduziu (18%), enquanto 28,3% afirmem ter havido “discreto aumento de algumas tarefas” e outros 16,6% informem que o volume de atividades “aumentou muito”. Por outro lado, o coordenador de Avaliação da Supad sinaliza para a grande quantidade de respostas indicando patamares de ansiedade, cansaço e exaustão entre médio e muito alto.
“Ou seja, mesmo quando a quantidade de trabalho permanece a mesma, os graus de ansiedade e exaustão tendem a aumentar, por conta da necessidade de conciliar as atividades com a rotina doméstica – algo que o confinamento imposto pela pandemia agrava. Essa é uma característica do trabalho remoto, conforme aponta a literatura sobre esse assunto, que faz pensar que essa deve ser uma estratégia circunscrita ao enfrentamento da pandemia”, observa Jorge Sales.