Reitor João Carlos Salles: “Valores universais estão sendo ameaçados”

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Na terça-feira, 11/05, o reitor da UFBA João Carlos Salles participou da live “Nossa Casa Comum – Caminhos da Ecologia Integral”, na TV Caramurê. Em entrevista concedida ao apresentador Eduardo Mattedi, divulgou o Ato Nacional em Defesa da Educação, a ser realizado no dia 18 de maio, às 9 horas, com transmissão pelo Youtube da TV UFBA. “Educação contra a Barbárie”, propõe o manifesto que convoca para o ato.

“A brutalidade tomou conta da cena política”, disse o reitor, ao defender a universidade como o lugar para construir solidariedade em meio a divergências, diferenças e diversidade. Salles observa que a pandemia escancarou diferenças profundas, excludentes e “perversas separações” na sociedade brasileira. “A presença de Estado se mostrou mais necessária”, avalia ele em relação ao cenário da pandemia, e acrescentou: “não um Estado repressor, mas um Estado que está presente, acolhendo, protegendo, amparando e diminuindo as diferenças”.

Questionado sobre o cenário atual, em que instituições como a universidade decidem que é preciso se mobilizar contra a ascensão da barbárie, o reitor criticou o negacionismo, obscurantismo e embrutecimento, o estímulo a  uma guerra de todos contra todos e a destruição das instituições, ao que contrapôs a defesa de valores universais, como educação, ciência, solidariedade, democracia, respeito à diversidade, defesa do meio ambiente e da vida. “Valores universais estão sendo ameaçados”, alertou.

João Carlos Salles também apresentou dados que demonstram a defasagem orçamentária em relação às instituições federais de ensino superior, que no seu entendimento, revelam um desprezo pelo projeto libertador que representa a universidade. E acredita que isso seja fruto de uma certa quebra da aura da universidade, por parte de uma elite que não se entusiasma mais a incluir a educação pública em seu projeto de nação.

De acordo com o reitor, o orçamento da UFBA para 2021 sofreu um corte da ordem de R$ 30 milhões, cerca de 20% em relação ao ano passado. O orçamento da UFBA para este ano é inferior ao orçamento de 2010, quando a instituição tinha cerca de 15 mil estudantes a menos. “Parece que esses 15 mil estudantes a mais incomodam, que essa expansão da universidade incomoda”, questiona, ressaltando que essa situação é comum às outras universidades públicas e institutos federais do país.

Durante a entrevista, ele explicou que o ato é uma maneira de convocar a sociedade para apoiar as universidades e disputar o orçamento já para o próximo ano. Segundo destacou, a iniciativa da UFBA para a realização do ato nacional imediatamente arregimentou o apoio de entidades como a União Nacional dos Estudantes (UNE), Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Academia Brasileira de Ciências (ABC), ANDIFES, ANDES, PROIFES, ABRASCO, FENAJ.

Para Salles, caso esse cenário de defasagem orçamentária persista, estarão comprometidas atividades de ensino, pesquisa e extensão, especialmente quando do retorno às atividades presenciais após o controle da pandemia. Ele também espera que o ato possa estimular novas manifestações de outras instituições. “Proteger a universidade é fazer uma aposta generosa em seu próprio futuro. É isso o que a sociedade precisa fazer”, concluiu o reitor.

Ao final do programa, o apresentador Eduardo Mattedi, em nome da editora Caramurê, prestou solidariedade às famílias das 423.889 vítimas da covid-19 no Brasil, até então registradas naquele dia 11 de maio de 2021.

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