Aproximação e estreitamento de laços para intercâmbio, cooperação acadêmica, tecnológica e científica estiveram em foco no Ciclo de debates Educação na China e no Brasil, no século XXI, que reuniu remotamente autoridades brasileiras e chinesas de 10 a 13 de maio. Promovido por universidades públicas – como as federais da Bahia (UFBA) e do Rio Grande do Sul (UFRGS), a estadual de São Paulo (USP) e a chinesa Rennin Unversity – , pelo Instituto Confúcio de integração cultural Brasil e China e com o apoio da Embaixada da República Popular da China no Brasil e do Governo do Estado da Bahia, o evento contou também com a participação de pesquisadores e especialistas chineses e brasileiros.
De acordo com o pró-reitor de Ensino de Graduação da UFBA, Penildon Silva Filho, o evento teve os objetivos de promover um espaço de intercâmbio das experiências educacionais chinesa e brasileira na educação básica e superior; criar um espaço de discussão entre pesquisadores e professores sobre a trajetória recente das políticas públicas de educação nos dois países; e estabelecer uma relação acadêmica forte entre os dois países para a realização de pesquisas, estudos e publicações”.
Silva Filho destacou a importância do encontro, que afirmou ser o “primeiro a discutir a educação nos dois países”, adiantando que os seminários apresentados durante os quatro dias do ciclo estarão em um e-book. O livro trará ainda um registro das considerações sobre a participação dos setores públicos e privados na oferta do direito à educação no Brasil e na China; uma avaliação das pedagogias utilizadas nos dois países; e uma comparação dos modelos curriculares e gestão dos sistemas educacionais universitários de diferentes áreas acadêmicas, como ciências exatas, ciências da saúde, artes e humanidades dos dois países.
Ao saudar a realização do evento, o reitor João Carlos Salles enfatizou tratar-se de um “primeiro passo [de] muitos [que] serão dados juntamente com a UFBA, nesse tempo difícil de pandemia e ameaça à cultura”, enaltecendo a “possibilidade de laços mais presentes e atuais com as universidades chinesas”, por seu grande potencial de engrandecer a qualidade e quantidade do trabalho e excelência acadêmica em todas as áreas do conhecimento da comunidade UFBA.
O embaixador da China no Brasil, Shu Jianping, lembrou como “o intercâmbio e a cooperação na área da cultura e tecnologia, realizados em governos anteriores, contribuíram para o avanço da educação nos dois países”. Para o embaixador, “é notório o crescimento e fortalecimento entre os dois países, mas ainda há um vasto campo a explorar nas áreas cultural e educacional, favorecendo numa complementariedade muito grande entre as duas partes”.
O vice-secretário do partido comunista da Universidade de Renmin, Qin Pengfeir, frisou que “tanto a China como o Brasil são países em desenvolvimento muito importantes do mundo atual, e cada um deles tem instituições de ensino e prática louváveis de educação que podem aprender umas com as outras”, razão pela qual “o intercâmbio na área de ensino superior é muito oportuno”. Qin ressaltou o “intercâmbio acadêmico nas teorias de desenvolvimento social”, diante do “espaço para explorar a cooperação na educação básica e superior com o aprofundamento do reconhecimento entre as duas partes”.
Qin Pengfeir evidenciou a ideia de “desenvolver uma educação moderna, em padrões mundiais, mediante o processo de construção de uma universidade mundial”. Para tanto, ele ressaltou que é necessário “fortalecer a educação da China, melhorar a visão e o nível dos intercâmbios, a fim de dar mais atenção ao desenvolvimento e trocas com outros países e expandir os canais de intercâmbio e cooperação acadêmico entre China e Brasil”.
Para o representante da Universidade de São Paulo (USP), Guilherme Plonski, “o maior desafio para a aproximação educacional entre o Brasil e a China não é a distância física, mas a diferença de conhecimento entre os dois países”. Os quatro dias dos diálogos sobre educação na China e no Brasil também se concentraram em comparações sobre os sistemas de educação básica e superior, metas e filosofias educacionais e construção de currículos.
Oportunidade no estudo das línguas portuguesa e chinesa
De acordo com o embaixador Shu Jianping, “o ensino das línguas chinesa e portuguesa é a chave para o conhecimento cultural entre os países e promoção da cooperação acadêmica e científica”. “Com o estreitamento da relação entre Brasil e China, cresce a procura de profissionais que dominem as línguas chinesa e portuguesa, nos últimos anos”, observou o embaixador.
Na China, a língua portuguesa é muito procurada: existem mais de 40 cursos nas universidades chinesas públicas e privadas e mais de mil estudantes cursando a língua. Os estudantes chineses formados em língua portuguesa têm mais facilidade para inserirem-se no mercado de trabalho, observou.
O embaixador enumerou que nos últimos 10 anos foram criados dez unidades do Instituto Confúcio no Brasil – na Unesp, Unicamp, FAAP, PUC/Rio, UFC, UFPE, UFPA, UFRGS, UFMG, UNB e brevemente na UFG – para o ensino da língua chinesa e outras atividades acadêmicas. “Essa medida vem atender Às necessidades de uma nova geração com conhecimento da língua e cultura chinesa, a fim de aprofundar as relações entre os dois países e a cooperação acadêmica, tecnológica e científica”.