Contra pobreza menstrual, estudantes da UFBA lançam campanha para arrecadar absorventes

Foto: Alexander Sergienko on Unsplash

Foto de capa: Alexander Sergienko on Unsplash

“Imagine as pessoas que não têm condições financeiras para adquirirem produtos de higiene para o manejo adequado da menstruação?” Com essa preocupação, estudantes do bacharelado interdisciplinar em saúde da UFBA lançaram uma campanha de combate à pobreza menstrual, que está arrecadando absorventes para doar à Instituição Casa das Pérolas, no bairro Fazenda Coutos, em Salvador, que acolhe mulheres e seus filhos em situação de rua e vulnerabilidade.

A iniciativa surgiu durante a disciplina “Campo da saúde: saberes e práticas”, do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências (IHAC), ministrada pela professora Carmem Teixeira. “Acreditamos que esse assunto é extremamente importante por envolver questões sociais, de gênero e de saúde”, refletem conjuntamente os estudantes Brenda Nogueira, Caroline Duplat, Fernanda Oliveira, João Pedro Laporte, Luiza Esteves, Nara Mariano, Rafael Silva e Vitor Felipe Seles. Eles observam que a falta de produtos e condições adequadas para o manejo da menstruação impacta a vida das pessoas menstruantes, que não se restringem a mulheres cisgênero, mas também homens trans e pessoas não binárias.

Sensíveis e atuantes, eles destacam que o impacto da falta de produtos de higiene adequados atinge o corpo físico, pois amplia o “risco do desenvolvimento de infecções, síndrome do choque tóxico, irritações, uma vez que o improviso de absorventes com materiais inadequados passa a fazer parte da rotina menstrual dessas pessoas”.

Há também os malefícios sociais, que “limitam a vida dessas pessoas em diversos contextos, como escolares, trabalhistas, de relacionamentos, em tarefas do dia a dia, etc. Quanto a isso, os danos são maiores em relação aos estudos e ao trabalho, pois o indivíduo, devido à impossibilidade do manejo adequado, é obrigado a se ausentar; isso se desdobra em outras questões, como déficit tanto no desempenho escolar quanto no profissional”, o que potencializaria as desigualdades de gênero.

A ação dos estudantes “é um exemplo maravilhoso da possibilidade de articulação das diversas funções da Universidade, ou seja, a Pesquisa, o Ensino e a Extensão”, comenta a professora Carmem Teixeira. Ela explica que a ação é uma espécie de pequeno projeto de extensão, que extrapola os muros da Universidade, no qual os estudantes fazem contato com organizações não governamentais e lideranças populares, e usam as redes sociais para divulgar a campanha. Assim, eles “estão desenvolvendo uma ação social, com uma dimensão comunicativa voltada para estimular a solidariedade às mulheres que enfrentam a chamada “‘pobreza menstrual’”, orgulha-se Teixeira, que é médica e doutora em saúde coletiva.

“Mais do que os resultados da campanha, que esperamos sejam expressivos, o fato dos estudantes se engajarem em um projeto dessa natureza evidencia sua sensibilidade, seu compromisso com a mudança dessa realidade tão cruel que estamos vivendo”, comenta Teixeira. A preofessora conta que a ação se harmoniza com os objetivos do projeto pedagógico do bacharelado interdisciplinar em saúde: “além da aquisição de conhecimentos e habilidades, incluímos valores, como o respeito à vida, a defesa da saúde, o compromisso com a democracia, e com a construção de uma sociedade civilizada, o que inclui a proteção ao meio ambiente, o reconhecimento das diferenças e a luta pela superação das desigualdades e iniquidades que todavia persistem no mundo, e particularmente no Brasil”, anseios que foram atendidos pela campanha dos estudantes.

Além da Casa das Pérolas, em Salvador, há a pretensão de ampliar a campanha para atender a Casa das Meninas, associação beneficente em Teófilo Otoni, Minas Gerais, cidade de alguns dos integrantes da equipe.

Como ajudar?
Você pode ajudar através do pix: dignidademenstrualhaca40@gmail.com
Ou combinando com os membros da equipe a doação de absorventes pelos números (71) 99163-3719 e (71) 98123-9940.