Reaberta ao público, Fundação Orlando Gomes mantém acervo de obras raras e recria escritório do jurista

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A ambientação do escritório de Orlando Gomes foi feita a a partir de registro fotográfico efetuado poucos dias após o seu falecimento

A ambientação do escritório de Orlando Gomes foi feita a partir de registro fotográfico efetuado poucos dias após o seu falecimento

Uma coleção de livros raros, títulos e honrarias e até mesmo uma réplica do escritório do jurista Orlando Gomes podem ser conferidas pelo público na Fundação que leva o nome do professor da UFBA que tornou-se referência na área do direito, sobretudo dos direitos civis, tendo sido um dos precursores do direito trabalhista no Brasil e o primeiro juiz do Trabalho na Bahia. Gomes também compôs a comissão de juristas responsável pelos estudos que embasaram a atualização do Código Civil, que viria a ser promulgado em 2002.

A ambientação do escritório de Orlando Gomes foi feita a partir de registro fotográfico efetuado poucos dias após o seu falecimento. Obras raras que integravam seu acervo pessoal podem ser consultadas na sede da instituição, como a coleção do século XIX Il Digesto Italiano, e os 12 livros do código do imperador romano Justiniano, que reúnem os princípios do direito romano que tornaram-se a base da legislação civil atual, conforme explica o assessor da Fundação, Renato Miguel Júnior.

Obras raras que integravam o seu acervo pessoal podem ser consultadas na sede da instituição, como a coleção do século XIX IL Digesto Italiano, e os 12 livros do código do Imperador Justiniano, de 1807-1811, que reúnem os princípios do direito romano que tornaram-se a base da legislação civil atual, conforme explica o diretor da Fundação, Renato Miguel Júnior (Foto: Ascom/UFBA)

Obras raras podem ser consultadas na sede da instituição, como a coleção do século XIX IL Digesto Italiano, e os 12 livros do código do Imperador Justiniano, de 1807-1811, que reúnem os princípios do direito romano que tornaram-se a base da legislação civil atual, conforme explica o diretor da Fundação, Renato Miguel Júnior

Condecorações do Ministério do Trabalho e da Academia de Letras da Bahia (ALB) fazem parte do memorial, onde também está o seu diploma de graduação na então Faculdade de Direito da Bahia, de 1930. Também é possível ver fotos do discurso de posse de Gomes na ALB, em 1968, e da solenidade em que recebeu o título Doutor Honoris Causa da Universidade de Coimbra, Portugal, em 1982. Professor da Faculdade de Direito, Orlando Gomes foi eleito reitor da UFBA em 1967, mas não foi nomeado. Apenas em 2009, por ocasião da comemoração de seu centenário, teve o reconhecimento como reitor aprovado por unanimidade pelo Conselho Universitário, entrando para a galeria de reitores, com a sua imagem posta na sala dos Conselhos da Reitoria.

“A nova geração de civilistas brasileiros, felizmente, ainda cultua a vasta obra de Orlando Gomes, que continua sendo estudada e citada em diversas monografias, dissertações, teses, manuais e acórdãos dos tribunais superiores. Orlando Gomes foi também um exímio cronista”, afirma o professor Rodrigo Moraes, hoje presidente do Conselho Cultural da Fundação Orlando Gomes e organizador do livro “Orlando Gomes – O Cronista”, que reúne as crônicas do jurista baiano, lançado em agosto do ano passado, em live transmitida pelo canal da Fundação no Youtube.

Criada com a finalidade inicial de manter uma biblioteca pública de livros jurídicos para pesquisa, a instituição ampliou a sua atuação com a promoção de eventos culturais de incentivo ao estudo tais como palestras, cursos, prêmios, seminários, além de firmar parcerias com universidades, institutos de ensino jurídico, órgãos públicos, academias jurídicas e entidades afins. Fundada no ano de 1982, foi dirigida por Orlando Gomes até sua morte, em 1988, quando passou a ser dirigida por um Conselho formado por seus filhos. Márcio Gomes é o atual presidente.

Condecorações do Ministério do Trabalho e da Academia de Letras da Bahia (ALB) fazem parte do memorial, onde também está o seu diploma de graduação na então Faculdade de Direito da Bahia, de 1930

Condecorações do Ministério do Trabalho e da Academia de Letras da Bahia (ALB) fazem parte do memorial, onde também está o seu diploma de graduação na então Faculdade de Direito da Bahia, de 1930

Um acordo de cooperação firmado entre a instituição e a Faculdade de Direito da UFBA permite o compartilhamento de espaços, a promoção de eventos e desenvolvimento de pesquisas por parte dos estudantes da unidade – que são a maior parte do público que frequenta a fundação, conta Renato Miguel. As visitas guiadas ao espaço, que precisaram ser interrompidas durante a pandemia, devem retornar no próximo semestre, ele antecipa.

Isso porque, após dois anos de atividades remotas, a Fundação Orlando Gomes está novamente de portas abertas. O memorial pode ser visitado pelo público durante a semana, das 08h às 12h e das 14h às 17h. No dia 25 de abril, a Fundação abrigou o lançamento da segunda edição do livro “Direito e Desenvolvimento”, originalmente lançado em 1961, marcando o aniversário de 40 anos da fundação. O professor Edvaldo Brito, que foi responsável por atualizar a obra, participou do lançamento, que aconteceu presencialmente na sede da instituição.

O curso de especialização em direito tributário, oferecido pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributários (IBET) em parceria com a fundação, também retornou com aulas presenciais a partir deste semestre. O curso de pós-graduação lato sensu está com as matrículas abertas para a turma 2022.2, que terá início no dia 3 de agosto. Mais informações estão disponíveis através do site www.orlandogomes.org.br ou através dos telefones 71-3019-5511 e 3332-2719.