Com mais de 250 mil testes realizados por ano, Laboratório de Imunologia completa 40 anos

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Imagem Arquivo da Fachada do Instituto de Ciências da Saúde - UFBA

O Laboratório de Imunologia (Labimuno) do Instituto de Ciências da Saúde (ICS) da Universidade Federal da Bahia(UFBA) foi criado em 1982 e, nos últimos dez anos, realizou cerca de 2.345.084 exames; 72 trabalhos completos foram publicados e pós-graduou 102 alunos nos seus cursos de Mestrado e Doutorado. Após ampliação da área física e de atuação, ocorrida em 1988, passou a ser denominado Laboratório de Imunologia e Biologia Molecular.

Com o centro de formação acadêmica produziu, ao longo desses seus 40 anos de existência, inúmeros projetos de pesquisa na área biomédica e, na área de extensão, realiza, desde 1992, exames para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), atualmente totalizando cerca de 250.000 testes por ano, entre dosagens de hormônios, marcadores tumorais, drogas contra rejeição de transplantes, sorologia para as principais doenças infectocontagiosas, detecção de mutações relacionadas com o câncer, além de realizar outros exames em centenas de pacientes conveniados que, diariamente, buscam atendimento nas suas instalações localizadas no ICS, no campi universitário do vale do Canela, que funcionam de segunda a sexta feira das 6:30 às 17.00.

“Desta forma, ainda sem credenciamento, iniciamos, em julho de 1992, a realização dos mencionados testes sorológicos, bem como as dosagens de hormônios e de marcadores tumorais para o HUPES e, através deste hospital recebíamos a remuneração. Em nosso primeiro mês, fizemos 93 exames, mas ao fim deste ano já realizávamos cerca de 1500 exames por mês”, lembra o professor Roberto Meyer, diretor do ICS e coordenador-geral do Labimuno. A coordenadora-técnica do laboratório é a bioquímica Robércia Pimentel.

Desde 2013, o Laboratório é responsável também, nas regiões sul e sudeste do Estado da Bahia, pelo Programa Estadual de Triagem Pré-Natal em Papel de Filtro na Rede Cegonha, “Os recursos obtidos a partir deste serviço prestado ao SUS tem sido de grande importância para a manutenção e desenvolvimento de ações acadêmicas, não apenas para aquelas referentes aos campos de prática para atividades de ensino e pesquisa, no âmbito deste laboratório, como também em vários outros setores do ICS”, declara Meyer.

Laboratório de Anatomia do Instituto de Ciências da Saúde

Graduação e Pós

No ensino de graduação, o Laboratório apoia as disciplinas oferecidas para alunos da maioria dos cursos da área biomédica. Ainda na Graduação oferece vagas para estágio em Imunodiagnóstico, dirigidas para estudantes do Curso de Farmácia. Atua também no ensino de pós-graduação onde é a principal base do Programa de Pós-Graduação em Imunologia do Instituto de Ciências da Saúde – PPGIm (Mestrado e Doutorado). Nos últimos três anos, 36 pós-graduandos stricto sensu (19 mestrandos e 17 doutorandos), 12 estudantes de iniciação científica e 6 de aperfeiçoamento realizaram seus projetos no Labimuno.

Projetos de pesquisa

Os seus primeiros projetos de pesquisa foram na área da Imunologia Veterinária, em colaboração com instituições públicas estaduais. Ao longo destes anos testou vacinas e desenvolveu testes para o diagnóstico imunológico e por biologia molecular para a linfadenite caseosa dos pequenos ruminantes. Ainda nesta enfermidade tem-se estudado os aspectos da relação entre o seu agente etiológico, Corynebacterium pseudotuberculosis e os referidos animais, seus hospedeiros.

Além desta linha de pesquisa, hoje este setor tem como linhas consolidadas, entre outras: “Avaliação do Estado de Imunidade às Hepatites em Profissionais da Área da Saúde”, “Imunidade na Periodontite”, “Mutações Relacionadas com a Predisposição Hereditária para o Câncer”, e “Estudo do Papel de Citocinas Angiogênicas e de Drogas Extraídas e Plantas Regionais sobre Linhagens de Células de Tumores do Tecido Nervoso”.

O início

O Laboratório de Imunologia começou em agosto de 1982, ocupando uma sala de 37m2, no segundo andar do Instituto de Ciências da Saúde. Participavam deste momento inicial os professores Roberto Meyer, atual diretor do ISC, Ivana Nascimento, atualmente coordenadora do Setor de Oncogenética, onde é orientadora de pós-graduandos, além de estudantes estagiários de iniciação científica.

Através de um pequeno financiamento pelo CNPq, ainda em 1982, os primeiros equipamentos e materiais de consumo para pesquisa foram adquiridos. Um novo financiamento, desta vez da FINEP, foi obtido em 1983, melhorando bastante as condições de trabalho, com a utilização do terreno baldio do fundo do ICS para a construção de um pequeno abrigo para caprinos. Alguns dos primeiros equipamentos também foram adquiridos nesta época.

Novo espaço, novos projetos

A segunda metade da década de 1980 trouxe um quadro muito favorável: um financiamento do CNPq e, logo a seguir mais dois outros, um da FINEP e outro do então do Banco de Desenvolvimento do Estado da Bahia (Desembanco), possibilitaram o desenvolvimento mais consistente de projetos de pesquisa e a transferência do laboratório de uma pequena sala do segundo andar para uma nova sede, bem mais ampla, no andar térreo do ICS, inaugurada em setembro de 1988. Neste mesmo ano, com a participação de colegas da Faculdade de Farmácia, da Faculdade de Medicina e do Centro de Pesquisas Gonçalo Muniz – Fiocruz, foi criado, no ICS, o Curso de Metrado em Imunologia, que 10 anos depois se transformou no atual Programa de Pós-Graduação em Imunologia.

Diversas comunicações e resumos reportando resultados dos primeiros projetos do laboratório foram apresentados em Congressos e em outros encontros científicos. Ao longo de todos estes anos o Laboratório tem sido um grande sustentáculo financeiro para este Programa.

Atendimento ao SUS - Imagem arquivo do Instituto de Ciências da Saúde - UFBA.

Fase de dificuldades

A década de 1990, iniciada com o governo Collor, foi de enormes dificuldades, pois os principais fundos de fomento à C&T, especialmente o FNDCT, praticamente fecharam suas linhas de financiamento. “Como a nossa então expertise era o desenvolvimento e avaliação de testes sorológicos para diagnóstico, e já fazíamos o diagnóstico da leptospirose a pedido de um hospital público, decidimos enfrentar o difícil momento realizando exames para pacientes do recém-criado Sistema Único de Saúde (SUS).

O novo século traz a consolidação do Serviço de Imunodiagnóstico, que possibilitou melhores condições para o ensino de graduação e também a consolidação da pesquisa e da pós-graduação. Desta forma, foram publicados trabalhos que geraram na última década mais de seis dezenas de estudos completos e centenas de publicações em anais de congressos e que foram realizados totalmente no laboratório ou em colaboração com outros grupos, do próprio ICS ou de outras Instituições.

Também é desta época a implantação da Rede Nordeste de Biotecnologia e do seu Programa de Pós-Graduação, que abre novas linhas de pesquisa, promove a chegada de novos professores de Imunologia e novas colaborações: UFMG,UFRGS, UFRJ, UFRB, UEFS, UNEB, EBMSP,EBDA, SENEP, se agregam. Novos laboratórios para pesquisa e serviços para a comunidade foram criados

Pandemia e futuro                            

“Os anos seguintes foram de crescimento e consolidação, mas novo período de dificuldades surgiu em 2020, com a pandemia – como em todo mundo, tivemos que reduzir drasticamente as nossas atividades e, entre meados de março e setembro deste ano, somente ações indispensáveis, como manutenção de equipamentos e realização de alguns exames cujos resultados não poderiam ser adiados, como os que diagnosticam e monitoram leucemias e linfomas e os da triagem pré-natal. Estamos aos poucos vencendo as sequelas deixadas por esta tragédia mundial”, finaliza o professor Meyer.