
O professor Décio Cruz e a professora Mirella Marcia, do Instituto de Letras, tomam posse na Academia de Letras da Bahia
As posses de mais dois professores da Universidade Federal da Bahia consolidam a participação da UFBA entre os imortais da Academia de Letras da Bahia (ALB). No dia 14 de abril, o professor do Instituto de Letras Décio Torres Cruz passou a ocupar a cadeira 19, anteriormente ocupada pelo historiador Cid Teixeira. Dias antes, em 22 de março de 2023, a professora Mirella Márcia, também do Instituto de Letras, sucedia ao professor João Eurico Matta, ocupando a cadeira 16 da ALB, entidade atualmente presidida pelo acadêmico e professor de antropologia da UFBA Ordep Serra.
Décio Torres Cruz é pesquisador e professor aposentado da UFBA e da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Já atuou como tradutor, intérprete, ator e diretor de teatro. Ocupa, também, a Cadeira no. 2 da Academia Contemporânea de Letras de São Paulo, que tem como patronesse a escritora portuguesa Teolinda Gersão.
A escritora, professora titular de Teoria Literária do Instituto de Letras e pesquisadora do CNPq na área de Literatura Mirella Márcia, já como nova ocupante da Cadeira 16 da Academia de Letras da Bahia (ALB) declarou ao Edgardigital que dedicou o momento de sua posse “à trindade sagrada em meu coração: minha linda mãe, meu pai e o meu irmão; embora invisíveis, estavam presentes, sorrindo e olhando para mim. Festejávamos o centenário de meu pai, nascido em 22 de março de 1923. Alcancei meu porto, conduzida por Evelina Hoisel, ex-professora que se tornou colega e cúmplice; por Marcos Vinícius Rodrigues, ex-aluno que se fez amigo; e por Aleilton Fonseca, querido companheiro de geração”.
Diálogo com a sociedade
Novo imortal, Décio Torres agradeceu a todos os acadêmicos e acadêmicas por sua eleição, principalmente a Gerana Damulakis, Evelina Hoisel, Aramis Ribeiro Costa, Paulo Ormindo e Aleilton Fonseca, que indicaram e levaram o nome dele à apreciação. “Estou muito honrado de fazer parte dessa instituição centenária que possui em seus quadros tantos escritores que admiro, do presente e do passado, e de estar ocupando a cadeira 19, anteriormente ocupada pelo grande historiador Cid Teixeira. Estou ansioso para começar a atuar junto com meus pares.”
Mesmo antes de ser eleito no ano passado, Décio Torres Cruz, vinha participando de atividades na ABL e agora se sente feliz “que a nossa academia esteja buscando um diálogo constante entre seus membros e a sociedade, criando eventos destinados a interagir não só com escritores, mas também com estudantes, professores e diversos grupos representantes de diversos setores, tais como da educação, da cultura, da preservação e do patrimônio histórico”.
“Além disso, a gestão do atual presidente Ordep Serra e do vice-presidente Marcus Vinícius está voltada à divulgação do rico patrimônio literário, histórico e artístico cultural de nossa terra, buscando divulgar não só as produções do passado, mas, também, as contemporâneas em seus diversos setores”, declarou Décio Torres.

A professora da UFBA e também acadêmica da ALB Evelina Hoisel chamou a atenção para a carreira do pesquisador Décio Torres Cruz, onde se observa uma atividade que abrange distintas vertentes do conhecimento, contribuindo para pesquisas acadêmicas nas áreas de estudos de adaptação, estudos culturais, análise do discurso, estudos de cinema, literatura, teoria literária, estudos pós-coloniais, estudos shakespeareanos, linguística aplicada, línguas inglesa e portuguesa, ensino de inglês metodologia e tradução.
“Essa diversidade constitui a riqueza da temática registrada nos livros publicados, nos inúmeros artigos e ensaios divulgados em revistas científicas brasileiras e estrangeiras, em suplementos literários nos quais ele tem presença assídua, em conferências e comunicações apresentadas em congressos, nas dissertações e teses orientadas. Mas também posso antecipar, muitos desses temas invadem o espaço dos contos e dos poemas, mais uma das faces do seu perfil – o de ficcionista e poeta – revelado recentemente com a publicação do livro de poemas Paisagens interiores (2021) e da coletânea de contos Histórias roubadas (2022)”
Para Evelina, com estas publicações, Décio inaugura novos espaços de atuação, “surpreendendo / presenteando amigos e admiradores, embora textos esparsos já tivessem sido divulgados em jornais, revistas, coletâneas. Outros livros de ficção estão sendo anunciados, como O mistério do caderno antigo (contos), Travessias e viagens (contos), A poesia da matemática (poesia), Marlin, o peixinho azul (infantil)”

A homenageada, ao lado de Evelina Hoisel, junto com os escritores Marcus Vinicius Rodrigues e Alellton Fonseca ( logo atrás)
Vida dedica às Letras
A professora Mirella Márcia viu na escolha dos acadêmicos por seu nome o reconhecimento de uma vida dedicada ao campo das letras, seja no ensino da literatura, na sua divulgação em programas de incentivo à leitura, na pesquisa, na produção de ensaios, de poemas e de prosa ficcional. Mirella publicou vários livros (teórico-críticos, crônicas, poesia), capítulos de livros e artigos em periódicos nacionais e internacionais.
“Na noite feliz, pedi, ao patrono da Cadeira 16 – o estadista Nabuco de Araújo Filho– um pouco de simpatia; ao fundador da Cadeira – Eduardo Espínola – pedi compreensão; a Orlando Gomes, solicitei cumplicidade; e, ao elegante João Eurico Matta, roguei inspiração. Tentei mostrar, aos antecessores e a todos, que a intérprete de textos literários vê-se, de vez em quando, obrigada a recuar, para que aconteça o doloroso e milagroso ato de criação. Encerrei meu discurso, pedindo amor, pois, afinal, para o amor, fomos feitos”, ela disse.
Para a professora da UFBA, e também acadêmica da ALB, Edilene Matos, que saudou a nova colega imortal na cerimônia de posse “Mirella Márcia, como escritora de livros, ensaios, poemas, contos, crônicas, pesquisadora e professora de literatura, reconhece-se primordialmente leitora, fazendo e refazendo com uso da leitura seu privilegiado espaço, sua bachelardiana casa onírica. Instigante e curiosa, atenta ao mundo da cultura e da leitura, Mirella Márcia foi estimulada no seu percurso intelectual pela possibilidade de formar um corpo de conhecimentos, anotar caminhos de leituras, selecionar textos, imagens”, declarou Edilene.
E após discorrer sobre a trajetória e as diversas atividades acadêmicas e criativas da colega homenageada, finalizou-se declarando que: “É com indizível alegria que a Academia de Letras da Bahia recebe você, Mirella Márcia, nesse dia duplamente comemorativo: o centenário de seu querido pai, Herbert Côrtes Vieira Lima, – homem que passou para você lições de mar, de história e de cinema – e sua posse para ocupar a cadeira de número 16, cujo último ocupante, o saudoso confrade João Eurico Matta, homem culto, sensível e cordial, certamente está aplaudindo e piscando com um olho direito e um olho esquerdo em concordância com a acertada escolha que nós, acadêmicos, fizemos, trazê-la para ocupar a cadeira que ele tão ciosamente ocupou por vários e vários anos. Seja bem-vinda! A Casa é sua!”