Uma proposta de formação que articula saberes e fazeres que se voltam para uma gestão pública comprometida com o enfrentamento das desigualdades sociais e defesa da democracia. Este o resultado da construção do Projeto Pedagógico do novo bacharelado em Administração Pública e Gestão Social, anunciado pela UFBA.
O projeto envolveu, na sua elaboração, a comunidade da Escola de Administração, com a escuta de organizações associativas, gestores governamentais e egressos da unidade. Com 40 vagas semestrais, ofertadas através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o curso será noturno, na modalidade presencial, com duração mínima de 4,5 anos e com início das aulas previsto para o segundo semestre de 2023.
Para o professor João Tude, diretor da EAUFBA, a retomada das atividades curriculares representa um compromisso institucional para com a manutenção e revitalização das instituições e organizações públicas e coletivas. “O curso de Administração Pública e Gestão Social representa o compromisso da EAUFBA com a sociedade baiana, assim como oportunidade de trabalho no governo e em organizações sociais para nossos futuros estudantes”, explica.
Segundo o Vice-Diretor da EAUFBA, professor André Luís Nascimento, “fruto de uma ampla reformulação dos nossos currículos, esse é o resultado de um processo dialógico institucional e intergeracional de uma Escola que se renova tanto nos seus quadros profissionais, haja vista que muitos professores se aposentaram recentemente dando lugar a novos concursos e consequentemente, novos entrantes, como nos seus compromissos com a sociedade brasileira, haja vista que passamos por transformações sociais e políticas que cada vez mais reivindicam maiores interações entre o Estado e a sociedade, o público e o privado, o moderno e o contemporâneo”.
Já para a professora Renata Alvarez Rossi, coordenadora do novo bacharelado, “o curso em Administração Pública e Gestão Social busca propiciar uma formação superior que permita ao(a) estudante, a partir da compreensão da realidade na qual se encontra inserido(a), atuar profissionalmente em um campo formado por instituições de diferentes naturezas e portes, notadamente as públicas e sociais, com atuação em segmentos e territórios diversos, como um(a) gestor(a) competente e ético(a), capaz de articular a reflexão e o pensamento crítico a técnicas e ferramentas pertinentes a cada um dos contextos vivenciados em sua prática profissional”.
Foco na atuação cidadã
O processo de aprendizagem no Bacharelado em Administração Pública e Gestão Social da EAUFBA envolverá cinco dimensões de conhecimento e competências interpenetradas e não hierarquizadas, que envolvem os conteúdos de formação, básicos e de formação profissional, previstos nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a graduação em Administração Pública, e que orientaram a elaboração da matriz curricular do curso. São elas: Produção e disseminação de conhecimentos e inovações; Compreensão Teórica e Crítica; Técnico-Instrumental; Compreensão Contextual; Extensão e Experiência.
Para Renata Alvarez, nesse sentido, “o(a) estudante poderá desenvolver um perfil crítico, ético e humanista, consciente da realidade em que está inserido, com amplos e profundos conhecimentos teóricos e práticos, competências fundamentais para a atuação cidadã e profissional na gestão de organizações públicas dos diferentes níveis (federal, estadual, municipal), organismos internacionais, organizações da sociedade civil e de desenvolvimento territorial”.
A Escola de Administração
O professor André Luís Nascimento lembra que a EAUFBA nasceu na década de 1960 pela mão da cooperação internacional Brasil – Estados Unidos como uma escola formatada a partir de dois cursos graduação, o Curso de Administração Pública e o Curso de Administração de Empresas. E, poucos anos depois, foi criado também o curso de Secretariado Executivo, constituindo assim uma tríade de formação que buscava apoiar tanto o Estado brasileiro nos seus processos de expansão rumo a agenda do desenvolvimento, como as organizações empresariais, à época os principais atores de um pacto social existente entre Estado, sindicatos e o mercado.
“É justamente nos finais da década de 1980 e o início dos anos 1990, com o avanço das políticas de recorte neoliberal, que na EAUFBA teremos a união dos cursos de Administração de Empresa e Administração Pública, forjando assim, o Curso de Administração Geral. Nessa época, se por um lado tínhamos um cenário sociopolítico muito desfavorável à formação voltada exclusivamente para formar quadros para o Estado, por outro, tínhamos, também, no âmbito do campo da administração, o entendimento que para além das organizações empresariais, um rico caldo de cultura oriundo de outras modelagens organizacionais deveriam, sim, compor o rol das nossas preocupações de ensino, pesquisa e aprendizado”, lembra ainda o professor André Luís.
Com o REUNI (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) a UFBA criou uma série de cursos tecnológicos, o que na EAUFBA se traduziu no curso de Tecnólogo em Gestão Social que mais à frente, por determinação do MEC, passou a ser um tecnológico em Administração Pública e Gestão Social.
“Foi justamente a partir dessa matriz, dos aprendizados acumulados com essa experiência, com a escuta ativa dos membros da nossa comunidade acadêmica, bem como, outros atores do ecossistema local e nacional que a Escola de Administração da UFBA empreende esse novo bacharelado com uma proposta metodológica ampliada, renovada e atualizada aos novos reclames da sociedade brasileira e do mundo em transformação”, finaliza o professor.