*Lidiane Borges – Ascom Hupes/Ebserh/UFBA
O Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes), da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), realizou a primeira cirurgia transexualizadora da sua história. Uma mulher trans foi submetida, com sucesso, a um procedimento de redesignação sexual na última quarta-feira, 9 de agosto. O hospital é pioneiro na Bahia em cirurgias desse tipo pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A paciente operada, Yohana dos Santos, de 47 anos, é acompanhada desde 2018 pelo Ambulatório Transexualizador do Hupes, mas a espera pela oportunidade de realizar a cirurgia durou mais de dez anos. No ambulatório do Hospital Universitário, ela teve a oportunidade de ser assistida por um grupo multiprofissional regular, tendo sido considerada apta pelas equipes de endocrinologia, psicologia e serviço social para o procedimento cirúrgico.
“É a realização de um sonho. Sinto-me plena. É algo que eu venho buscando desde 2010, mas não tinha meios para fazê-lo. Fico emocionada de saber que sou a primeira mulher trans que realizou a cirurgia no SUS. Espero que seja um começo para tantas outras histórias de mulheres e homens na mesma condição que eu”, disse Yohana.
Segundo a endocrinologista e coordenadora do Ambulatório Transexualizador do Hupes-UFBA/Ebserh, Luciana Oliveira, a cirurgia de redesignação sexual consiste em mudar as características sexuais/genitais de uma pessoa para aquelas socialmente associadas ao gênero com o qual ela se identifica.
A médica explica que o pós-operatório tem algumas orientações específicas, com o uso de hormônios durante alguns anos, possibilitando à mulher trans experimentar as mesmas sensações que mulheres cis – como a menopausa, por exemplo.
Ampliação
Além das cirurgias de redesignação sexual, a partir de agora, o Hupes-UFBA vai poder realizar também outros tipos de procedimentos. Foram pactuadas com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) cirurgias como mamoplastia masculinizadora, histerectomia, tireoplastia e plástica mamária.
A expectativa é de que seja realizado pelo menos um desses procedimentos por mês, enquanto a instituição aguarda o credenciamento do Ministério da Saúde, o que possibilitará ampliar a oferta de cirurgias.
De acordo com o urologista Ubirajara Barroso, que esteve à frente da primeira cirurgia realizada, o Ministério da Saúde adota critérios específicos para a realização dos procedimentos. A pessoa interessada deve ter mais de 21 anos de idade, apresentar – no mínimo – dois anos de acompanhamento psicológico e ser cadastrada em um dos dois serviços especializados de referência na Bahia: Hupes-UFBA ou Centro Estadual Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa (Cedap).
O Ambulatório Transexualizador do Hospital Universitário Professor Edgard Santos iniciou suas atividades em 2018. O espaço é voltado para o atendimento clínico a pessoas trans e travestis residentes na Bahia e que buscam acompanhamento. Mais de 400 pacientes já foram atendidos pela equipe do Ambulatório, que é formada por profissionais de endocrinologia, enfermagem, serviço social, psicologia e psiquiatria.