
Pedro Meirelles professor do IBIO/UFBA, autor da proposta contemplada pelo Instituto Serrapilheira.
Entender o papel dos micro-organismos que ainda não conhecemos para a estabilidade, resistência e resiliência dos ambientes dos ecossistemas é o tema da única proposta de uma universidade baiana contemplada na mais recente chamada do Instituto Serrapilheira. O projeto de pesquisa apresentado pelo professor do Instituto de Biologia da UFBA Pedro Milet Meirelles foi selecionado na categoria ciências da vida, na 6ª chamada pública de apoio à ciência da instituição.
Delineada como uma pesquisa interdisciplinar, a investigação será norteada pela questão: “qual é o papel da matéria escura microbiana na estabilidade dos ecossistemas?”, explica Meirelles. Desse modo, será possível saber como as mudanças climáticas vão afetar microrganismos e a qualidade da água em aquíferos, e como os micro-organismos podem diminuir os efeitos provocados pelo ‘sequestro’ do carbono.
De acordo com Pedro Meirelles, “a realização da pesquisa em aquíferos é muito relevante porque eles são um modelo de estudo muito bom para estudar comunidade microbiana. E também porque entendemos que esses ambientes são poucos estudados aqui no Brasil”, informou o pesquisador.
Ao ser contemplada, a pesquisa garantiu um financiamento de R$ 103.926,29 do Serrapilheira, e a expectativa é de que se estenda por cinco anos, vislumbra Meirelles, que considera o prazo razoável para responder uma pergunta nessa dessa natureza. Devido ao caráter interdisciplinar da investigação, a equipe de pesquisadores envolvida deverá ser composta por especialistas de área diversas como física, genética e outras, além da biologia, informa Meirelles.
A metodologia debruça-se sobre dados públicos de sequenciamento genômico para mapear a interação entre micro-organismos e estudar a influência da fração desconhecida dos microbiomas na estabilidade dos ecossistemas. A pesquisa será realizada em cinco partes e já está em andamento. “Não temos coleta de dados, mas usamos grandes conjuntos de dados públicos que estão disponíveis e são de livre acesso. E já podemos afirmar que já temos muitos resultados nesse sentido”, diz o professor.
Concepção da proposta
A proposta contemplada é fruto do desdobramento de uma lista de perguntas de um estudo em que Meirelles está concentrado, desde 2017, quando ingressou como professor adjunto na UFBA. “É um projeto que vinha respondendo uma série de perguntas. Consolidamos uma base de dados grande, e essa pergunta era sobre a matéria escura microbiana. Daí surgiu esse edital, submetemos e [a pesquisa] foi contemplada”, conta o docente.
O planejamento para a proposta escrita foi realizado por Pedro Meirelles e o pós-doutorando Camilo Ferreira, pesquisador bolsista pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que atua no Instituto de Biologia da UFBA. “Finalizamos o texto em duas semanas, após elaborarmos a proposta, cerca de um mês e meio depois de algumas discussões realizadas com os membros da minha equipe de pesquisa”, lembrou Meirelles.
“No momento do desenvolvimento da ideia e elaboração da proposta, houve centralização temática na biologia, mas quando for a fase de implementação, precisaremos contar com o apoio de outras pessoas das áreas da física e da genética para conduzir experimentos de campo e manipulativos em laboratório com tecnologias de ponta, modelos matemáticos e computacionais integrados”, explica o professor.
Serrapilheira
O Instituto Serrapilheira é uma instituição privada e sem fins lucrativos, criada para valorizar o conhecimento científico e aumentar sua visibilidade, ajudando a construir uma sociedade cientificamente informada e que considera as evidências científicas nas tomadas de decisões. O instituto tem três linhas de programas de apoio: Ciência, Formação em Ecologia Quantitativa e Jornalismo & Mídia.