XIX Enecult: reflexões sobre culturas para um novo Brasil

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Mesa de Boas Vindas. Na ordem: Leonardo Costa (FACOM), Albino Rubim (CULT), Sara Prado (SUPROCULT/ SECULT), Sophia Rocha (CULT), Paulo Miguez (UFBA), Maria Marighella (FUNARTE/MINC), Pedro Tourinho (SECULTSSA), Luis Augusto Vasconcelos (IHAC) e José Roberto Severino (PósCultura).Foto: Zeza Maria.

Mesa de Boas Vindas. Na ordem: Leonardo Costa (Facom), Albino Rubim (CULT), Sara Prado (Suprocult/ Secult), Sophia Rocha (Cult), Paulo Miguez (UFBA), Maria Marighella (Funart/Minc), Pedro Tourinho (Secult SSA), Luis Augusto Vasconcelos (IHAC) e José Roberto Severino (PósCultura).

O Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (Cult), que em 2023 completa 20 anos, realizou o XIX Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (XIX Enecult), entre os dias 23 a 25 de agosto de 2023, na Reitoria da UFBA e no Goethe-Institut Salvador-Bahia. Com o tema “Culturas para o novo Brasil”, condutor das reflexões de expositores e debatedores convidados, o XIX Enecult buscou contribuir para que as culturas estejam fortemente comprometidas com a promoção da igualdade, diversidade e pluralidade e com a reconstrução democrática do país. Estar juntos com a nação na construção do novo Brasil foi a grande motivação do evento, sintonizada com o momento de reconstrução vivido atualmente pelo país.

O XIX Enecult foi realizado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), por meio do Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (Cult), Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (Pós-Cultura), do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC) e Faculdade de Comunicação (Facom). A abertura dos trabalhos foi conduzida por Mesa que contou com as presenças do reitor da UFBA, Paulo Miguez; da presidenta da Funarte, Maria Marighella; Sara Prado, da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia; Pedro Tourinho, do Secretaria Municipal da Cultura, além de Leonardo Costa, diretor da Facom, Luis Augusto Vasconcelos, diretor do IHAC, Felipe Milanez, coordenador do Pós-Cultura, Sophia Rocha e Albino Rubim (lideranças do grupo Cult).

A plateia, formada na sua maioria por estudantes, pesquisadores, pesquisadoras e profissionais da cultura, recebeu as boas vindas de grupos artísticos da Universidade Federal da Bahia e, após a realização de uma em homenagem póstuma a Mãe Bernadete, líder quilombola executada com 12 tiros, no dia 17 de agosto, os trabalhos foram iniciados.

Foto da Mesa Diversidade e Transversalidades da Cultura. Estão na foto: João Jorge Rodrigues (Fundação Cultural Palmares), Leandro Colling (UFBA), Symmy Larrat (Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+) e Georgenes Isaac (Coletivo das Liliths)Foto: Zeza Maria.

Foto da Mesa Diversidade e Transversalidades da Cultura. Estão na foto: João Jorge Rodrigues (Fundação Cultural Palmares), Leandro Colling (UFBA), Symmy Larrat (Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+) e Georgenes Isaac (Coletivo das Liliths)

Culturas para o novo Brasil

A coordenadora do Cult, professora Sofia Cardoso Rocha (Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação – ICTI da UFBA/Campus Camaçari) foi a primeira a falar, quando fez um balanço dos trabalhos realizados pelo Cult, nesses últimos anos, destacando as parcerias com a Edufba (editora da UFBA), que resultou na edição de diversos  livros e revistas sobre os temas da cultura, além de atividades de extensão e pesquisa, várias delas em parcerias com o Ministério da Cultura e com a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, na elaboração do programa de formação e qualificação de agentes culturais. “Esta pesquisa evidenciou algo que nos é muito caro: o lugar da cultura na universidade. Reconhecer que, além da instituição cientifica, a UFBA  é uma organização cultural e que, portanto, precisa de uma política que possa potencializar ainda mais esse seu caráter”. Sofia admite que esforços nesse sentido já estão sendo implementados pela gestão universitária.

Foto da mesa Federalismo e desenvolvimento da cultura. Estão na foto, na ordem: Roberta Martins (MINC), Juca Ferreira (BNDES), Renata Rocha (UFBA) e Cláudia Leitão (UECE)Foto: Zeza Maria.

Foto da mesa Federalismo e desenvolvimento da cultura. Estão na foto, na ordem: Roberta Martins (Minc), Juca Ferreira (BNDES), Renata Rocha (UFBA) e Cláudia Leitão (UECE)

Sair da barbárie

O fundador do Enecult, e um dos organizadores do evento, Albino Rubim informou que, neste ano, a opção foi “por um  Enecult singular”, quase todo ele realizado na Reitoria da UFBA – que, pelas suas dimensões, garantiu uma ampla participação de interessados nas reflexões e discussões. Destacou também a reunião dos diversos temas em um único “grande tema”, Culturas para o novo Brasil, “porque é disso que se trata, é disso que nós queremos tratar”. O professor lembrou ainda a preocupação dos organizadores em estar sempre estar “em sintonia fina” com o que acontece no país, fio condutor que sempre pautou a realização dos Enecult, ao longo desses 19 anos.

Albino referiu-se também ao assassinato da ialorixá Mãe Bernadete, afirmando que não podemos conviver com esse tipo de barbárie, recordando ainda as recentes questões dos índios yanomami e das vítimas da Covid. “Nós queremos discutir culturas para sair da barbárie cultural, para criar um outro país, um país que seja diferente: é isso que vai permitir a gente criar um outro país”, afirmou Albino.

Representando a Ministra da Cultura, Margareth Menezes, a presidenta da Funarte, Maria Marighella, celebrou os 20 anos do Cult e o XIX Enecult, espaços que para ela contribuíram com estudos, pesquisas, debates, publicações e forte ativismo e capacidade de mobilização em torno do papel da cultura em nossa sociedade. “Como presidenta da Funarte, artista, parlamentar licenciada e como cidadã agradeço e parabenizo as muitas mãos que teceram ao longo de todos esses anos uma incansável contribuição ao campo cultural (…) parabenizo esta  Universidade Federal da Bahia por manter o seu corpo acadêmico um centro com essa capacidade inspiradora e irradiadora, que faz desse encontro uma referência nacional e Internacional.”

Mesa Políticas para as artes. Maria Marighella, presidente da Funarte, com o microfone na mão. Estão na foto na ordem: Matias Santiago, Maria Marighella, Gica Nussbaumer, Carmen Luz e Cacá Machado.Foto: Zeza Maria

Mesa Políticas para as artes. Maria Marighella, presidenta da Funarte, com o microfone na mão. Estão na foto na ordem: Matias Santiago, Maria Marighella, Gica Nussbaumer, Carmen Luz e Cacá Machado.

Para tempos solares

Após a fala dos demais componentes da mesa, o reitor Paulo Miguez encerrou o momento de abertura do XIX Enecult, se associando  à homenagem póstuma a Mãe Bernadete, ao tempo em que manifestou, mais uma vez, a Indignação da UFBA e expectativa da instituição na apuração do crime hediondo e na punição dos culpados. Pediu também aos órgãos públicos do Estado e da Prefeitura a imediata demolição de construção estranha em área sagrada do terreiro da Casa Branca, na Federação.

Depois de saudar a todas as pessoas e autoridades presentes, Miguez disse que os 19 anos de realização do Enecult reafirmam o compromisso da Universidade com a produção do conhecimento e, particularmente, com a produção do conhecimento cultural, transformando esses encontros em uma referência nacional e internacional, como o maior dedicado aos estudos da cultura no Brasil e provavelmente na América Latina. “Isso nos orgulha como universidade e nos orgulha especialmente aqueles que militam no campo da cultura dentro da Universidade Federal da Bahia”.

O reitor disse ainda que a melhor forma de celebrar esses 19 anos de Enecult é o fato de ele estar sendo realizado “no primeiro ano após tempos tão sombrios, a possibilidade mais uma vez de caminhar em tempos solares. Isso para nós vale muito porque a Universidade e a Cultura foram duramente atacados, mas nós resistimos e, agora, nesse  período de resistência, temos que aprender a desenvolver o ‘modo paciência’, porque o grau de desmonte e ataque foi imenso”, lembrou Miguez.

Finalizando, falou sobre o tema do XIX Enecult “Culturas para o Novo Brasil”, declarando que a Universidade sempre esteve na perspectiva da construção de uma cultura pela vida, de uma cultura pela democracia e de uma cultura pela diversidade. E aproveitou o momento para celebrar, mais uma vez, a alegria da Universidade ter alcançado a nota máxima na avaliação do MEC lembrando que “é um esforço também que merece ser celebrado na pessoa daqueles que me antecederam, a professora Dora leal o professor João Carlos”.

Veja aqui todas as falas dos componentes da Mesa de Abertura do XIX Enecult.

https://www.youtube.com/live/_g0g00eqNuk?si=qlQlcIRdDu-2sOEn

 

Consulte e assista a todas as mesas do Enecult

 

Acesse o site do Enecult: https://cult.ufba.br/enecult