Cerca de duzentas atividades nas áreas de ciência, arte e tecnologia foram promovidas pela UFBA durante a “Semana de Ciência, Arte e Tecnologia da UFBA: Desenvolvimento e Sustentabilidade” (Secatec), evento coordenado pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG), no período de 17 a 22 de outubro de 2023. A Secatec foi a grande ação da UFBA no âmbito da 20ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT/2023), com uma proposta de levar ações e projetos para além dos muros da Universidade, mostrando a sua produção em vários espaços de Salvador, Camaçari e Vitória da Conquista.
A mesa de abertura contou com as presenças do reitor Paulo Miguez; do pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Ronaldo Lopes Oliveira; do Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado, André Joazeiro; do pró-reitor de Extensão, Guilherme Bertissolo; da professora Evelina Hoisel, da Academia de Letras da Bahia, e da palestrante Sonia Costa, que também representou o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação na solenidade. Participaram ainda, virtualmente, o diretor científico do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Olival Freire Júnior, e da diretora de Formação de Professores da Educação Básica da Capes, Márcia Ferreira.
Márcia Ferreira exaltou o papel de eventos como a Secatec na abertura das portas da Universidade para sociedade e em particular para os estudantes das redes públicas, ampliando a capacidade de divulgar ações cotidianas das instituições de educação superior, além de alimentar as sonhos e desejos de futuros universitários. Ela lembrou que muitas trajetórias familiares foram construídas sem a presença do ensino superior e da universidade e que, para ela, cada evento desta natureza mostra a necessidade de se investir na popularização e na divulgação da ciência, objetivando promover outros modos de vida e buscando contribuir para a redução das igualdades.
O violonista e professor da Escola de Música da UFBA Mario Ulloa tocou na abertura da Secatec.
Olival Freire Júnior, do CNPq, recordou o período de incertezas vivido recentemente pela comunidade acadêmica durante e governo anterior, para em seguida declarar que não podia deixar de citar duas medidas que ilustram uma mudança de atitude do governo federal. A primeira foi a inclusão da área de ciência e tecnologia no “governo de transição”, que permitiu, segundo ele, a estabilização orçamentária da área, com o reajuste das bolsas de iniciação científica e a ampliação de novas bolsas para novos pesquisadores. A outra medida foi o destravamento do contingenciamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia, que se concretizou no início de março. Olival finalizou dizendo que, entretanto, tudo isso ainda não tem sido o suficiente “porque o Brasil tem pressa”.
O pró-reitor Ronaldo Lopes Oliveira lembrou que quando o reitor Paulo Miguez iniciou sua gestão, em agosto de 2022, vivia-se, no país, um período “extremamente turbulento e que nós sabemos o que significou para a nossa ciência, para o que se produz na Universidade, para nossa arte, nossa cultura e para as nossas tecnologias, que atravessam a formação universitária, seja na graduação, seja na pós graduação”. Naquele momento, ele disse, foi colocada a necessidade de incentivar mais ainda as atividades “para fora dos muros” da Universidade. “Nosso desejo naquele momento era que o que a gente estivesse idealizando não fosse para nós, mas de nós para quem nos acompanha.” Lembrou ainda que isso foi pensado durante a pandemia, com poucos recursos e possibilidades, vivendo no mundo virtual – o que não impediu que se mantivesse a orientação de que a UFBA continuasse indo ao encontro da sociedade, “onde os nossos futuros e futuras cientistas estão”.
O secretario André Joazeiro enfatizou a Secatec enquanto ação de popularização da Ciência “principalmente para nossos estudantes do ensino médio”, pois “é lá que eles precisam começar a entender que essa carreira [universitária] é possível, e que ciência e tecnologia não são coisas distantes”. Para Joazeiro, essa popularização é muito importante para os estudantes de escolas públicas da periferia e do interior do estado, que se sentem deslocados do universo da formação superior, e que é também função da Secretaria de Ciência e Tecnologia estimular esses jovens, porque eles são “o futuro da Ciência do da Bahia, então a gente tem que apostar neles”.
Reitor destaca articulação nacional
O reitor Paulo Miguez ressaltou a importância da articulação dos governos federal e estadual com a presença do mundo universitário na Semana Nacional de Tecnologia e Ciência. “Devo dizer que esta é uma semana já que aponta para uma vitória importante, uma semana nacional no melhor sentido da palavra, acolhida na dimensão de outros entes federativos e de outras instituições da vida brasileira, como é o caso da Universidade Federal da Bahia.”
Miguez lembrou ainda que a Secatec é uma oportunidade especial de apresentar o que a ciência diz para aqueles que não convivem com os cientistas e não têm, no seu dia-a-dia, um contato com a ciência, “embora não possam experimentar nenhum dia das suas vidas sem que a ciência tenha facilitado o convívio com os acontecimentos do cotidiano”. Para o reitor, eventos como esse, com foco na popularização da ciência, garantem efetivamente que, mais à frente, existam mais pessoas dispostas a levar adiante o desafio da produção científica. “É uma semana em que também serão apresentadas as demandas necessárias para a recomposição dos fundos para o desenvolvimento da Ciência neste país”, lembrou. Miguez concluiu celebrando a superação do obscurantismo e do negacionismo, com um agradecimento “a cada cientista, a cada professor, a cada gesto na direção da produção científica, por aquilo que é o resultado disso, que é celebrarmos a vida”.
Após a fala do reitor foram distribuídas “lembranças” aos parceiros da Secatec: a Fundação Aleixo Belov, o Museu Náutico/Farol da Barra, o Espaço Colabore, o Sebrae, , o Museu de Arte Moderna da Bahia, o Horto Florestal (em Camaçari), o Instituto Multidisciplinar em Saúde (Vitória da Conquista), além da Secretaria de Educação do Estado da Bahia e a Secretaria Municipal de Educação de Salvador.
Palestra Magna
Dando sequência às atividades, a diretora de Tecnologia Social, Economia Solidária e Tecnologia Assistiva do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Sonia Costa, iniciou a palestra magna da Secatec, apresentando a atual estrutura do MCTI, que funciona hoje com quatro secretarias voltadas à questão das pesquisas em Ciência e Saúde; outra voltada à área da Tecnologia e Inovação; uma outra voltada para a questão da transformação digital; e finalmente a Secretaria de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social (Sedes), onde exerce a diretoria de Tecnologia Social, Economia Solidária e Tecnologia Assistiva.
Sonia Costa explicou como estão sendo construídas as políticas públicas para esses setores específicos nos departamentos que compõem a Sedes e que trabalham com a popularização da ciência e educação científica; segurança ambiental e nutricional; tecnologia social e economia solidária e tecnologia assistiva, voltada às pessoas com necessidades especiais.
A diretora destacou ainda a retomada de uma atividade preocupada com a saúde básica e com a inovação, incentivando a criação de novos parques tecnológicos, e também a necessidade de uma transformação digital que acompanhe as mudanças que acontecem a todo o momento na área, como é o caso do desenvolvimento da inteligência artificial. Foi ressaltado que todas as iniciativas são pautadas pela questão da sustentabilidade, seja na sua dimensão social, econômica ou ambiental.
O reitor Paulo Miguez e os pró-reitores Ronaldo Lopes Oliveira (Pesquisa) e Guilherme Bertissolo (Extensão)
Costa antecipou algumas informações sobre os próximos chamamentos do MCTI, que serão publicados ainda este ano, adiantando que o tema mais destacado nesse momento é a da segurança alimentar “em um país onde 123 mil pessoas têm dificuldade de ter ao menos uma alimentação saudável mínima necessária por dia”. Destacou também o eixo da tecnologia social, com ações construídas em interação direta com as populações, que devem passar a usufruir dessas tecnologias, apropriando-se delas, como no caso da tecnologia voltada para as pessoas com deficiência, área já bem consolidada no ministério, segundo a gestora, com mais de 200 estudos e pesquisas realizados.
Sonia Costa destacou ainda as competências da Sedes para implementar políticas e programas destinados ao desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação considerando os biomas e povos originários e as comunidades tradicionais que neles vivem e praticam as suas atividades econômicas sustentáveis, em especial na Amazônia legal; e de promover a proposição de políticas e a definição de programas estratégicos, em conformidade com as recomendações das conferências nacionais nos campos da ciência, tecnologia e inovação, e demais conferências nacionais.
Assista ao ato de abertura na íntegra: