A Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) concedeu a Comenda 2 de Julho ao historiador da ciência professor titular do Instituto de Física da UFBA Olival Freire Júnior. Proposta pelo deputado estadual Zé Raimundo Fontes, a medalha foi entregue no dia 14 de março, no plenário da Alba.
Para o novo comendador, a honraria, “além dos méritos pessoais”, é uma homenagem a gerações, instituições e causas. “À geração de estudantes que ao longo da década de 1970 lutaram pela democratização da universidade e do país; à Universidade Federal da Bahia, minha alma mater, instituição à qual me vinculei desde 1972, quando ali ingressei no curso de Engenharia Elétrica; e à causa da educação, da ciência e da tecnologia”, colocou.
Atual diretor científico do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Olival foi pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFBA de 2014 a 2019, também coordenando o programa de internacionalização Capes PrInt na UFBA. Sob sua condução, no reitorado do professor João Carlos Salles (2014-22), a pró-reitoria conseguiu melhorar significamente as condições de realização da pesquisa e do ensino de pós-graduação na Universidade.
“A concessão da Comenda 2 de Julho a este ilustre intelectual é uma justa homenagem a alguém que já alcançou o reconhecimento em muitos centros acadêmicos em todo o Brasil e no exterior, e o fazemos na certeza de estarmos expressando o desejo de muitos dos seus ex-alunos, orientandos, camaradas, companheiros, amigos e colegas”, afirmou o deputado Zé Raimundo.
Política e Academia
Nascido em Jequié, no sudoeste baiano, Olival Freire Junior recordou sua vida estudantil, no período mais cruel da ditadura, quando muitos estudantes e professores foram demitidos, presos e até mesmo torturados e assassinados. Entre eles, citou os colegas Cláudio e Júlio Guedes, e o professor Roberto Argolo, presos em 1975, em decorrência de ação policial contra o Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Como professor da UFBA, continuou a militância política em Salvador, quando, a partir de 1976, a luta contra a ditadura ganhou fôlego, tendo o Congresso da UNE e o da Anistia como marcos deste processo. “Acrescente-se as passeatas, o retorno dos exilados e clandestinos e liberação dos presos, e a reanimação do movimento sindical”.
Olival destacou como muito significativo, em sua vida acadêmica, a oportunidade da experiência como gestor em educação, ciência e tecnologia; a atuação ininterrupta na formação de mestres e doutores; e, em especial, a experiência como pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação e coordenação do programa de mobilidade internacional, o Capes Print, no reitorado do professor João Carlos Salles.
O homenageado recordou o diícil período iniciado com o impeachment de Dilma Rousseff até o governo Bolsonaro, anos desafiadores “em que a Ufba precisou mobilizar toda a sua resiliência para sobreviver, sem soçobrar [ou] se desnaturar”.
Para o pesquisador, é necessário que essa história seja conhecida para melhor compreensão dos desafios enfrentados pelo país hoje presidido por Lula – que, ele salienta, propõe-se a efetivar uma nova industrialização, reduzir as iniquidades sociais, de gênero e de raça, sem abrir mão da busca por sustentabilidade, energias mais limpas e preservação e estudo da biodiversidade.
“Assim como busca uma identidade, como nação que se reinventa, criticando as mazelas, como a escravidão e o genocídio dos povos indígenas, que ainda estruturam a sociedade brasileira nos dias atuais”, disse.
Cerimônia
Além do proponente do evento, compuseram a mesa a presidente da Comissão de Educação, Serviços Públicos e Tecnologia da ALBA, deputada Olívia Santana (PC do B);o secretário de Trabalho Emprego Renda e Esporte, Davidson Magalhães, representando o governador Jerônimo Rodrigues; o reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Paulo Cesar Miguez de Oliveira; a reitora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Georgina dos Santos; o superintendente de Educação Profissional e Tecnológica, da Secretaria Estadual de Educação (SEC), Ezequiel Westphal; o vice-reitor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), Marcos Fernandes; o pró-reitor de pós-graduação e pesquisa do Centro Universitário Cimatec e vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências, Jailson Andrade; a superintendente do Ministério Regional do Trabalho, Fátima Freire, irmã do homenageado; o presidente da Academia de Ciências da Bahia e pesquisador da Fiocruz, Manoel Barral Neto; a professora da Universidade Estadual do Sudoeste Campos de Jequié, Ana Angélica Leal Barbosa; e o diretor do Instituto de Física da Bahia, Ricardo Miranda.
Também marcaram presença os deputados estaduais Neusa Cadore (PT) e Marcelino Galo (PT) e a deputada federal Lídice da Mata (PSB). A pedido do deputado, Fátima Freire, Olívia e Ana Angélica conduziram o homenageado até o recinto, sob a música do grupo Anarkas, formado por Osíris, BL e Ruiva.