Com a presença do homenageado, UFBA lança Cátedra Gilberto Gil de Estudos da Cultura

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Fernanda Caldas e Murilo Guerra

 

A UFBA lançou a Cátedra Gilberto Gil de Estudos da Cultura. O evento – que lotou o salão nobre da reitoria de alegria e emoção em 10 de maio – contou com a presença do homenageado, um retorno à instituição em que se formou em administração em 1964. A íntegra do evento está disponível no canal da TV UFBA no youtube (confira abaixo).

Gilberto Gil saudou os presentes e agradeceu “a todos os dirigentes dessa instituição pela honrosa escolha de meu nome para batizar mais um posto avançado do ensino superior com essa nova cátedra, dedicada ao desenvolvimento do conhecimento humano nessa Escola de tamanha história e tradição”.

A intimidade entre Gilberto Gil e a UFBA foi lembrada pelo reitor Paulo Miguez, que expressou o orgulho em ter um dos principais nomes da música brasileira no quadro de egressos da Universidade. Gil também é Doutor Honoris Causa pela UFBA.

“Formando nessa casa, o jovem Gil ganhou o Brasil, ganhou o mundo e o resto é história. E que história!”, disse o reitor. Ele lembrou que Gil é imortal pela Academia Brasileira de Letras e foi como uma das figuras centrais da Tropicália, movimento responsável por uma revolução cultural no Brasil. “Conhecer a obra e a vida de Gil nos ajuda a viver e nos encanta”, declarou.

O reitor considera que instalar uma cátedra acadêmica de estudos sobre cultura é bem mais que uma atividade simplesmente acadêmica. “É, especialmente, uma resposta política a todo e qualquer intento autoritário e obscurantista que ouse querer calar a universidade, que ouse afastar a universidade da sua permanente missão de fazer florescer uma cultura humanística diversa, de paz e solidariedade”, disse.

Além do reitor da UFBA e do homenageado, a mesa da solenidade teve a participação do vice-reitor, Penildon Silva Filho; do diretor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC), Luis Augusto Vasconcelos; e da coordenadora do Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (Cult), Sophia Rocha.

“A cátedra visa estimular atividades e estudos no campo da cultura, em especial nas áreas da gestão, produção, curadoria, organização e políticas culturais. Ela terá abrangência nacional e internacional, atuando especialmente no espaço ibero-americano”, afirmou a coordenadora do Cult, Sophia Rocha, que ressaltou o papel fundamental da arte e da cultura “de promover resistência, de produzir novos imaginários e de alimentar a esperança”.

Em parceria com o Programa Pós-Cult e o IHAC, o centro funcionará como um polo de aglutinação amplo e plural de entidades que realizarão ações colaborativas para apoiar e estimular atividades e estudos em cultura. A professora convidou a todos e todas a construírem esse importante espaço de debates, reflexões e produções e desejou que a cátedra “possa se converter em um grande movimento de estudos e pesquisas em defesa da cultura, da educação, da ciência, da diversidade cultural, do pluralismo político-cultural, da liberdade, da solidariedade e da democracia em sua plenitude”.

Conforme ressaltou o diretor do IHAC, a Universidade ganha muito com a iniciativa, e o Instituto fica muito honrado com o convite aceito por Gilberto Gil para ser o patrono da cátedra. “Nós somos feitos de poesia, de arte e de muita música. Eu estava pensando o que seria de nós, o que seria de mim, sem a arte de Gilberto Gil”, disse ele, que falou de sua emoção de estar ao lado do homenageado.

O lançamento da cátedra contou com a aula-show de José Miguel Wisnik, que trouxe emoção extra à noite, com a apresentação “a terceira margem do rio: poesia e canção brasileira”. Reconhecido nome da literatura e da música, Wisnik, que é professor aposentado da Universidade de São Paulo, lembrou do importante legado de Gil e da UFBA à cultura brasileira e a “eclosão criativa e criadora que veio dessa aliança”.

A solenidade contou também com outras apresentações musicais: Rum Alagbê do Terreiro do Gantois, coordenado por Iuri Passos; Manuela Rodrigues e Ruan de Souza; todos da Escola de Música da UFBA.

Gil já cantou: “Na Bahia, que é meu lugar. Tem meu chão, tem meu céu, tem meu mar”. Com o lançamento da cátedra, a Universidade da qual é egresso respondeu: Gil, a UFBA é o seu lugar.