TV UFBA – Reportagem: Fernanda Caldas; Locução: Beatriz Castellucio
Imagens e edição: Marcus Marques; Coordenação: Fernanda Caldas, Marco Antonio Queiroz
Texto Claudio Pimentel
“A luta pela democracia, pelo desenvolvimento e pela ciência não pode parar nunca”, reagiu o professor Olival Freire Júnior, em 25 de julho, momentos antes do início do “Simpósio História das Ciências, Ensino de Ciências e Desenvolvimento Nacional”, no auditório Raul Seixas, na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH), da UFBA, em São Lázaro, Salvador. O Simpósio, que ocorreu em dois dias e contou com a presença de palestrantes nacionais e internacionais, foi a forma que alunos e ex-alunos, ao longo de mais de 30 anos, encontraram para homenagear, com carinho, o mestre que completou 70 anos, exibindo e exercendo a energia dos jovens.
O convite do professor à luta pela democracia se deu depois que foi questionado se, nos quase 40 anos de cátedra, defendendo os valores da Ciência, formando cientistas e buscando consolidar a pesquisa científica no país em algo natural como respirar, se ele algum dia imaginaria que a disciplina seria colocada sub suspeição, relegada a segundo plano e desqualificada em nome dos valores da tradição, que acenderia impondo a influência de suas ideias nos planos cultural, social, econômico e até mesmo jurídico, na sociedade. “Foi um choque. Depois de toda aquela luta que o Brasil e os brasileiros empreenderam pela redemocratização, o que ocorreu foi inesperado. Um retrocesso que não se podia aceitar”, asseverou.
Honrado com a homenagem dos alunos e lisonjeado com o time de conferencistas, um total de 18, que debateria temas caros e essenciais à sua carreira, o professor Olival Freire jamais teve o menor lampejo de que em 1972, quando passou para o curso de engenharia, estaria iniciando uma viagem pelo universo da ciência tão rica e cheia de conquistas. “Demorei para chegar à academia. A descobri depois que fui para o curso de Física e, em seguida, cheguei ao mestrado. Tinha 32 anos. Um mundo se abriu para mim. Nada que sugerisse um trajeto tão longo, que me colocasse onde estive e agora onde estou”, recorda-se, mostrando orgulho: “Na UFBA, fui seduzido pela ideia de que se é para fazer, que faça o melhor. Pautei minha vida com isso”.
Empossado recentemente no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), assumindo o cargo máximo da Diretoria Científica, a qual passou a agregar as funções das diretorias de Engenharias, Ciências Humanas e Sociais e de Ciências Agrárias, Biológicas e da Saúde, o professor Olival Freire, do alto de toda a sua experiência, ainda pensa nos futuros alunos, futuros pesquisadores e futuros cientistas. À pergunta do repórter sobre qual mensagem faria para quem está começando e deseja ser cientista, diz: “Se você gosta, faça. Não pense em carreira, não pense em remuneração. Trata-se de um contrato que você faz com a vida. Vai durar muitos anos. Com a ciência é assim, mas acredito que acontece em qualquer profissão”, orienta.
MESA DE ABERTURA
Promovido por alunos e ex-alunos, o Simpósio teve uma mesa de abertura que deu bem o tamanho da estima que os presentes prestam no cotidiano ao homenageado. Ela foi formada, além do professor Olival Freire, pelo ex-reitor da UFBA e ex-diretor da Faculdade de Filosofia e ciências Humanas, professor doutor João Carlos Salles; pelo diretor do Instituto de Física da UFBA, Ricardo Miranda Filho; pelo presidente da Academia de Ciências da Bahia e professor da UFBA Manoel Barral Netto; e pela Pró-Reitora de Pesquisa, Pós-Graduação, Criação e Inovação da UFRB, professora doutora Simone Alves.
PROFESSOR OLIVAL FREIRE JR.
– Pesquisador 1-C do CNPq na área de História da Ciência
– Licenciado e Bacharel em Física pela UFBA
– Mestre em Ensino de Física pela Universidade de São Paulo (USP)
– Doutor em História Social pela USP
– Estágios de pesquisa pós-doutoral nas universidades Paris 7, Harvard, MIT e Maryland e no American Institute of Physics
– Senior Fellowship do Dibner Institute for the History of Science and Technology, MIT, EUA (2004)
Na UFBA:
– Pró-reitor de Pesquisa, Criação e Inovacão da UFBA (2014-2019)
– Coordenador do CAPES PRINT UFBA (2018-2022).
– Primeiro coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências (M/D, UFBA-UEFS, Conceito 5 CAPES), do qual foi um dos fundadores.
– Orientou 13 teses de doutoramento e 20 dissertações de mestrado.
Livros e outras publicações:
– The Quantum Dissidents – Rebuilding the Foundations of Quantum Mechanics 1950-1990, 2015
– David Bohm – A Life Dedicated to Understanding the Quantum World, 2019
– The Oxford Handbook on the History of Quantum Interpretations, 2022 (editor).
– Teoria quântica: estudos históricos e implicações culturais, co-editado com O. Pessoa e J.L. Bromberg (vencedor do Prêmio Jabuti em 2011).
– Publicou quase 90 artigos em periódicos especializados, 4 livros, 5 coletâneas e mais de 40 capítulos de livros.
Cargos em associações científicas:
– Presidente da Sociedade Brasileira de História da Ciência (2010-2012)
– Presidente da Commission on the History of Physics – Division of History of Science and Technology (2013-2017)
– Integrante do conselho da History of Science Society (2018-2020)
– Membro do Conselho da Sociedade Brasileira de Física (2021-2025)
– Integrante do Comitê Assessor de História do CNPQ (2017-2023)