Escola de Administração da UFBA comemora 65 anos trilhando memórias, olhando o passado e refletindo o futuro

A Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia (EAUFBA) comemorou no dia 2 de outubro de 2024 seus 65 anos de existência – e, em complemento, do curso de Administração – e aproveitou para comemorar também os 56 anos do curso de Secretariado Executivo, além de um ano da criação do mais jovem curso de graduação da EAUFBA, o curso de Administração Pública e Gestão Social. A programação da solenidade aconteceu em dois momentos, no auditório da Escola: a parte da manhã dedicada a percorrer as trilhas da memória e a parte da noite com um olhar voltado para o futuro, a partir de reflexões sobre o passado da instituição. A EAUFBA foi fundada em 14 de setembro de 1968, composta inicialmente por professores brasileiros e americanos formados nos Estados Unidos da América e que lecionavam em Harvard, funcionando no subsolo do prédio da Reitoria, no Canela.

No abertura das festividades, a mesa diretiva das homenagens foi composta e presidida pelo reitor da UFBA, Paulo Miguez pelo diretor da Escola de Administração, professor André Luis Nascimento dos Santos e pela vice-diretora, Bárbara Maria Dultra Pereira, decana do curso de Secretariado Executivo, além do professor e coordenador acadêmico Floriano Barboza Silva e da servidora Editânia Maria Santana, representante dos técnicos administrativos. Após a execução do Hino Nacional, o professor André Nascimento abriu a sessão comemorativa. A primeira a falar foi a representante dos servidores.

Editânia, que trabalha há 30 anos de EAUFBA, disse que mesmo já podendo se aposentar, ainda continua trabalhando com dedicação e amor. Ela também ressaltou a importância dos servidores para o crescimento da Escola. “Nós fazemos parte de um pilar, junto com os professores e alunos, e esse pilar é  muito importante, porque nós participamos de todos os processos e de todos os projetos e isso é de suma importância para a universidade. Quando eu cheguei aqui, há 30 anos, a escola era totalmente diferente, mas hoje vemos como evoluiu, como essa escola cresceu, como abriu as portas, inclusive para o sistema de cotas. Foi com muita alegria que eu participei da primeira matrícula dos estudantes cotistas”, relembrou a servidora.

Em seguida, Floriano Barboza lembrou que, ao longo desses 65 anos, foram enfrentados desafios consideráveis, com períodos de mudanças profundas, crises econômicas e políticas, além de transformações tecnológicas. “No entanto, foi graças à dedicação de nossos professores, estudantes e servidores que a Escola se manteve firme em sua missão de oferecer uma educação de qualidade, adaptando-se aos tempos sem perder sua essência”.

“E, neste momento de celebração, também devemos olhar para o futuro. Vivemos em uma era de mudanças rápidas e complexas, com desafios globais que exigem soluções inovadoras e sustentáveis. A Escola de Administração da UFBA tem e continuará a ter um papel central na formação de líderes que não apenas acompanham essas transformações, mas que também as protagonizam, sempre com um olhar crítico e uma postura ética”, ressaltou Floriano.

Escola plural

Já a vice-diretora Bárbara Maria Dultra começou o seu pronunciamento afirmando que a EAUFBA é uma escola muito plural, com “colegas” de diversas formações, como engenheiros, arquitetos, psicólogos, pedagogos, advogados, profissionais da área da Ciência da Informação e obviamente, administradores e secretários executivos. “Colegas de diversos estados, que trazem para nós as suas culturas, os seus valores. Esta pluralidade tem nos mantido num nível de qualidade em diversas áreas do conhecimento”.

“O curso de administração o de secretariado teve um papel social no desenvolvimento desse estado – porque o “mote” da sua criação foi a implantação do polo petrolífero na Bahia desempenhando, então, o curso, um papel fundamental na assessoria de gestores nas suas indústrias, no governo, no desenvolvimento desse estado”. Então, em 68, a Escola de administração promoveu um programa de capacitação para os funcionários do Banco da Bahia, evento que mostrou a necessidade de ampliação acadêmica, criando-se, então, o curso de Secretariado Executivo.

Muitas memórias, mas poucos registros

O diretor André Nascimento, em recorte do seu pronunciamento, lamentou que ainda sejam poucas as narrativas escritas sobre a memória institucional da EAUFBA. “Em 65 anos de existência, a despeito de uma história apaixonantemente linda, que causaria inveja a qualquer roteirista de Hollywood, inclusive com tomadas em Michigan e no sul da Califórnia, me impressionou que, em uma incursão à nossa biblioteca, identificamos, com a ajuda da bibliotecária chefa, apenas cinco obras que, de modo entrecortado, tentam contar um pouco dessa história institucional, ora a partir do olhar do espectador, ora a partir da voz de ator participante. O primeiro que aceitou esse desafio foi o nosso diretor Eurico Mata, falecido em 2021”.

A partir de um texto que buscava dar conta dos primeiros 20 anos da nossa Escola, ele nos convida a mergulhar na atmosfera de efervescente Bahia, que teve a sorte de ter “seu” Edgar (Santos) como reitor, em um Brasil em transformações. “A Escola de Administração, que nasce no subsolo da Reitoria da UFBA, é a encarnação de um projeto político pautado na tríade desenvolvimento, modernização e futuro.”

O segundo desses textos sobre a EAUFBA, citados por Nascimento, é a tese de doutoramento da professora Tânia Ficha, em 1984, que “ao se debruçar sobre a memória e evolução do ensino da administração no Brasil, se admira e se espanta com o roteiro cinematográfico que foi o cenário de instalação dessa unidade da UFBA. Mais uma vez, o projeto de “seu” Edgar e a atmosfera política conturbada e, ao mesmo tempo, repleta de possibilidades redentoras, é o “ponto-chave” de uma película que nos prende à tela e nos conduz a memórias, reminiscências e reflexões”.

O professor lembra também que, em 2004, a professora Bárbara Dultra, na sua dissertação de mestrado, rompeu a barreira do silêncio institucional ao perguntar em sua pesquisa “quais os fatores internos e externos que contribuíram para a EAUFBA tornar um centro de referência nacional”? E em 2009, quando a Escola completou 50 anos, a partir de um esforço coletivo capitaneado pelo professor Reginaldo Santos, diretor também já falecido, a EAUFBA editou uma obra revisitando a sua história. E por fim, uma quinta e última publicação, em 65 anos, sobre a EAUFBA: o livro Meus Caminhos na Administração Pública – Bases Empíricas da Administração Política da professora, hoje aposentada, Margarida Maria Costa Batista.

Celebrações

Durante a sua fala, o reitor Paulo Miguez anunciou que, em 2026, quando a UFBA completa 80 anos, a instituição vai diplomar as pessoas que foram assassinadas pela repressão durante o período militar e não puderam concluir o circuito de graduação. “A vida política os obrigou a outras opções e pagaram com a vida a ousadia de enfrentar momentos tão difíceis, momentos que imaginávamos jamais voltariam a acontecer no Brasil e, desgraçadamente, essa casa sabe muito bem disso, tivemos que enfrentar no governo passado. Governo passado que, entre outras coisas, desrespeitou, em especial, a memória brasileira, fez escárnio da dor e da memória desse país. Não passarão, não poderão voltar”.

“Então, celebro a toda a comunidade de estudantes, de professoras e professoras, técnicos, técnicas, de colaboradores terceirizados e terceirizadas, fundamentais para o dia a dia dessa Casa. Celebro, a competência acadêmica dessa instituição, produzindo, entre outras muitas coisas, um ministro, talvez o melhor ministro da cultura que esse país já tenha visto, que se chama Gilberto Passos Moreira Gil, aluno dessa casa. Então, celebrar, claro, a competência na formação de gestores para o mundo público, de gestores para o mundo privado, de gestores para aquilo que, a partir de determinado momento, começa a florescer na vida social, as organizações, as chamadas organizações do terceiro setor, na formação da gestão social, novidade que só uma casa como esta poderia produzir, e competência na formação das secretárias executivas. É claro que eu celebro isso com muita alegria, mas eu encerro minha fala celebrando com ainda maior alegria o fato de poder, nesse momento, de parabenizar a escola, que é minha também, para onde eu volto depois de 10 anos de exílio e é nessa escola que eu reingresso na Universidade Federal da Bahia, como aluno de mestrado, orientado pela professora Tânia Fischer.

Portanto, celebrando esse aniversário, Miguez agradeceu à comunidade da EAUFBA “a cada uma e a cada um de vocês a cumplicidade, a confiança, a generosidade de seguirmos juntos, todos, no enfrentamento dos grandes desafios desse projeto de longo prazo, que é uma universidade, que é uma universidade pública, que é a Universidade Federal da Bahia, o melhor lugar do mundo”, finalizou o reitor.

Aulas Magnas

Duas aulas magnas fizeram parte da celebração dos 65 anos da EAUFBA. No turno da manhã a primeira aula foi proferida pela professora Tânia Fischer, coordenadora do Centro Interdisciplinar de Desenvolvimento Territorial e Gestão Social e pela professora Margarida Maria Costa Batista, ex-diretora do Instituto de Serviço Público. Pela noite, a aula foi do professor José Antônio Gomes de Pinho e das alunas egressas Luciana Dahia e Clara Marinho. No turno da noite, a professora Renata Alvarez Rossi, o servidor Joanito Carmo dos Santos Junior e o vice-coordenador Acadêmico da EAUFBA, Ricardo Goes Oliveira, compuseram a mesa diretiva das homenagens, juntamente com o diretor André Nascimento e a Vice-diretora Bárbara Dultra. As duas solenidades foram encerradas com homenagens a algumas professoras e professores da EAUFBA que receberam placas e lembranças alusivas à data dos 65 anos da Escola e com o tradicional “Parabéns” cantado em volta da mesa do bolo de aniversário e com um momento de arte com Briane Capinan. Veja, na íntegra, as duas cerimônias e suas respectivas aulas magnas.

https://youtube.com/live/aNr5iA8zjJs?feature=share

https://youtube.com/live/6sN6ItJjS38?feature=share

Depoimentos

Ricardo Albergaria, servidor terceirizado.

Sou funcionário da Escola de Administração e hoje celebramos um momento muito especial pela passagem dos 65 anos de uma escola referência para todo o Brasil.

Conceição Rosa, secretária da Diretoria

Trabalho aqui na Escola há muitos anos. Nela acolhemos toda a comunidade da UFBA e de fora da cidade do Salvador e de outros estados, além dos alunos e alunas que são a nossa razão principal de existir.

Professora Ivone Freire Costa, Coordenadora do Centro Interdisciplinar

Hoje é um dia de grande alegria para todos ao comemorar os 65 anos da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia. Tenho uma grata honra e satisfação em ter participado dessa construção desde praticamente o seu início e hoje estar coordenando o Centro Interdisciplinar de Estudos e Formação em Segurança Pública..

Professor Antônio Carlos Magalhães Jr.

Eu me tornei professor há 45 anos, então a Escola de Administração faz parte da minha vida, tem uma intensidade muito grande, ela tem uma importância na minha vida muito grande[…] Muitos episódios, como aluno e como professor também, muito boas lembranças da minha vida aqui, ou seja, é uma vida dedicada à escola.

 Ananda Rosa Maia, aluna de Administração

Estou hoje como voluntária, aqui na festa dos 65 anos da Escola de Administração UFBA e é muito incrível estar comemorando uma universidade tão maravilhosa, com pessoas maravilhosas que passaram por aqui, estudantes e professores.

 Pedro Lírio, aluna de Secretariado

Acredito que esse aniversário hoje é algo marcante para todos nós. Vemos que os cursos da EAUFBA estão em constante mudança, com pessoas mais diversas, um público maior e mais diversificado