Semente levantou questões importantes para o futuro da educação brasileira

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Mesa de pesquisadores debateu ànoite “Pensamento Crítico no Ensino Médio”

O Movimento Escola sem Partido, a Medida Provisória 746/2016 e a PEC 55 foram assuntos debatidos na tarde e noite da terça-feira, 22 de novembro, primeiro dia de apresentações do Semente no Auditório do PAF I.

Em trâmite no senado, o PL 193/2016, do Senador Magno Malta é mais um dos inúmeros projetos de lei que pregam uma educação neutra e livre de ideologias. Desde 2004, projetos similares têm ganhado força e dividido opiniões. Assim como a Medida Provisória 746/2016, que propõe a reformulação do Ensino Médio; e a PEC 55, que prevê um teto para os gastos nas áreas de educação e saúde por 20 anos.

“Não é possível ter uma educação neutra. O projeto escola sem partido é um mecanismo de controle para impor uma determinada moral que vai contra todas as últimas conquistas da sociedade”, disse a professora Sandra Marinho na roda de conversa da manhã. Tanto para ela quanto para a professora Raquel Bezerra, a implementação do PL 193/2016 seria um grande retrocesso para a educação brasileira, instalaria um ambiente de medo e tensão na sala de aula, além de remontar os tempos da ditadura militar, em que professores eram “censurados e criminalizados”.

O movimento Escola sem Partido cria um grande embate entre pais, professores e alunos. Levanta questões como a autonomia do professor, a vulnerabilidade dos alunos e o direito dos pais sobre a educação dos seus filhos. Uma das professoras finalizou dizendo que se vive atualmente um “triste cenário de grande polaridade e intolerância”  e convidou todos os presentes a conhecerem e participarem

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Professoras da Faculdade de Educação guiaram roda de conversa sobre o ” Escola sem Partido” versus “Escola sem mordaça”

Além da roda de conversa, a mesa redonda das 18h trouxe como tema o “Pensamento Crítico no Ensino Médio”. Fizeram parte da mesa Hildon Carade, professor de sociologia do Instituto Federal Baiano (IFBAIANO); Antônio Edmilson Paschoal, professor de filosofia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Mário Theodoro, consultor legislativo do Senado Federal e pesquisador visitante do Mestrado em Sociologia na Universidade de Brasília (UnB).

Hildon Carade traçou um panorama histórico do ensino da sociologia no Brasil, falou da sua importância no papel de formação cidadã e das vezes em que tanto a sociologia quanto a filosofia foram retiradas do currículo escolar, no período da ditadura, por exemplo. Além disso, ressaltou a dificuldade de se falar de sociologia no Ensino Médio: “O assunto é muito complexo para pouco tempo de aula”.

Antônio Edmilson destacou a importância da sociologia e da filosofia para a formação de sujeitos críticos e autônomos, emancipados. Segundo ele “a filosofia traz consigo a ideia de um conhecimento que de certa forma incomoda, por isso insistem tanto em tira-la do currículo ou deixa-la como não obrigatória, como propõe a MP 746”. Para ele o Brasil não tem estrutura ainda para implementar a Medida Provisória, principalmente no que tange ao aumento da carga horária. “Como propor escola em tempo integral se pretendem diminuir a verba para educação com a PEC 55?”

Mário Theodoro acrescentou que todas essas mudanças são fruto de uma conjuntura política delicada, de um projeto de governo que propõe um “estado mínimo”. A cerca da PEC 55, ele afirma existir outras maneiras de arrecadação de verba, como a taxação de impostos sobre grandes fortunas. Segunde ele, só com essa medida se arrecadaria 100 bilhões ao ano.

Tanto a roda de conversa pela tarde quando a mesa redonda na parte da noite levantaram questões muito importantes para o futuro da educação brasileira, além disso, ressaltaram também a importância do papel da universidade como espaço estratégico de mobilização e transformação social.

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