Quer uma forcinha para aumentar as probabilidades de acerto das vitórias e derrotas dos jogos da Copa da Mundo de 2018 nos bolões? É só acompanhar os cálculos do time de estatísticos da UFBA. Até o momento, os resultados não são tão bons para o Brasil, que ocupa o quinto lugar entre as nações com maiores chances de conquistar a competição na Rússia, sendo superada pelas seleções de Portugal, Bélgica, França e Espanha, que lidera o time com mais chances de ser campeã, com mais de 20% de probabilidade.
As previsões foram certeiras em relação ao primeiro e segundo lugar das últimas três Copas do Mundo. O Centro de Estudos do Risco do Departamento de Estatística da UFBA (CER-UFBA) é o responsável na Bahia por colocar os cálculos em campo. O projeto também congrega pesquisadores da USP e Ufscar. Pelos cálculos, este ano, a final mais provável acontece entre Portugal e Espanha, com 10,88% das probabilidades. E nem Cristiano Ronaldo, cinco vezes eleito como melhor jogador do mundo, conseguiria salvar o time português de uma possível derrota na maioria das simulações.
A metodologia do Centro de Estudo, que tem atualmente oito integrantes, faz uso da estatística bayesiana, que trabalha a probabilidade a partir de uma medida condicional de incerteza, considerando múltiplas variáveis. “Fazemos o casamento de informações objetivas e subjetivas. As objetivas são as pontuações da seleção no ranking de seleções publicada pelo ranking Fifa. As subjetivas são opiniões, palpites de especialistas para cada jogo da Copa. Trabalhamos com jornalistas esportistas, mas também aficionados por futebol”, fala Paulo Henrique da Silva, do departamento de estatística da UFBA, que considera essa junção como a grande vantagem do modelo.
Um exemplo de fatores subjetivos é a demissão do técnico da Espanha, já no início da competição. “Perder um comandante às vésperas da Copa traz um impacto sobre os jogadores”, diz Ricardo Rocha. A contusão do jogador egípcio Salah ou do brasileiro Daniel Alves são outros fatores que influenciam nos resultados. “Para fazer os cálculos, consideramos todas essas variáveis e levamos em conta também a opinião dos especialistas”, explica Hugo Santana, professor da UFBA.
Até 2014, o projeto da previsão esportiva estava sob a coordenação da Ufscar, “com a nossa vinda para a UFBA, abrigamos o projeto também aqui”, conta Paulo Henrique que fez graduação, mestrado e doutorado na Ufscar, assim como Ricardo Rocha.
Para encontrar as probabilidades de vitórias e derrotas, Ricardo Rocha explica que são simuladas 100 mil copas fictícias, por meio de um programa de computador desenvolvido pelo centro de estudos. As previsões, que tiveram início antes mesmo da bola rolar, são atualizadas a cada rodada, incrementando os dados e aumentando as probabilidades de acerto. Fazendo referência à derrota do time da Alemanha já em seu primeiro jogo, Rocha pondera que isso traz uma impacto para as favoritas ao título.
Lançado na edição do Pint of Science desse ano, o site Previsão Esportiva (www.previsaoesportiva.com.br), administrado pelos pesquisadores do centro, agrega interessados no desenvolvimento metodológico estatístico para dados esportivos e realiza previsões que são obtidas a partir de um modelo que leva em conta os resultados dos jogos. Além da Copa de 2018, são divulgadas análises do campeonato brasileiro da série A e B.
O site também tem uma área interativa, o Simule seu Palpite, para que os leitores opinem em relação aos campeonatos, gerando novas probabilidades. A aplicabilidade da metodologia estatística, no entanto, não se restringe à área futebolística. “Saúde, política, finanças são algumas das áreas que o modelo pode ser aplicado”, afirma Paulo Henrique. Ele também destaca o papel de divulgação da estatística, suas funções e importância no dia a dia para sociedade.
As maiores probabilidades da Espanha se consagrar campeã não anulam as chances do Brasil rumo ao hexacampeonato. Vale rezar, torcer e gritar para colocar as probabilidades, jogo a jogo, a favor do time verde amarelo.